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Com a entrada de Portugal na União Europeia, foi um corrupio de ministros e chefes do governo a inaugurar tudo o que era estradas e auto-estradas. O betão era a imagem da modernização do país. O atraso estrutural tinha os dias contados. Não foi bem assim. As estradas, como é normal, eram apenas uma ferramenta. Faltou o resto.
Agora, que o país está cheio de auto-estradas e que o dinheiro de Bruxelas já não pinga da mesma forma, o governo socialista também tem uma visão para modernizar Portugal. De há duas semanas a esta parte, tudo o que é ministro e secretário de Estado anda a calcorrear o país, qual funcionário do Círculo de Leitores, a distribuir computadores. A boa nova tem até uma vantagem. Cabe dentro de um bonito saco de papel e pode ser entregue em mão. Mais uma vez, a fé na crença tolhe a visão e não deixa perceber que continua a faltar o resto. A começar por uma população com competências para o usar, num país em que mais de 36% dos jovens não chega ao 10.º ano. O computador é uma ferramenta que, por si, nada resolve. Alguém devia explicar isso ao engenheiro Sócrates, mas temo que ele esteja demasiado ocupado a tornar o país num imenso Media Markt.