Se não sabe porque é que pergunta?
Pacheco Pereira garante que o PSD vai fiscalizar o Governo “quase em tempo real”, mas adianta que o reforço do escrutínio parlamentar da acção governativa "não implica tomar posição sobre as medidas".
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Pacheco Pereira garante que o PSD vai fiscalizar o Governo “quase em tempo real”, mas adianta que o reforço do escrutínio parlamentar da acção governativa "não implica tomar posição sobre as medidas".
Na sexta-feira o PSD pediu a demissão do ministro da Administração Interna, justificando o pedido com o aumento da criminalidade e com a ausência de esclarecimentos do governo. No sábado, num artigo de opinião sobre o "alarmante aumento da criminalidade" e o "inaceitável silêncio" do primeiro-ministro sobre o assunto, em nenhum momento Manuela Ferreira Leite solicita a demissão de Rui Pereira. Está visto, o "novo" PSD fala pouco. Para o país...e uns com os outros.
A United Airlines anunciou o despedimento de 950 pilotos, dizendo que tem que reduzir a frota devido ao aumento dos combustíveis. A TAP pondera suspender várias ligações aéreas pelos mesmos motivos. Perante o aumento dos combustíveis, que tudo indica ter vindo para ficar, quais são os investimentos públicos em novas infra-estruturas que preocupam o PSD? O aeroporto? As auto-estradas? Nada disso. A ligação ferroviária à rede europeia de alta velocidade. Pois...
Em vez de assumir a responsabilidade pelo estado miserável em que deixou a gestão camarária da capital, o PSD insiste em usar uma maioria resultante de uma eleição sem qualquer tipo de legitimidade política para ajustar contas com o passado. Só assim se compreende que o PSD tenha feito a Assembleia Municipal de Lisboa aprovar uma moção de censura ao vereador Sá Fernandes...por causa de uma decisão do vereador Marcos Perestrello. A iniciativa, que não tem qualquer resultado prático, torna-se ainda mais caricata quando se percebe que a moção é unipessoal e não é extensível ao executivo, como manda a lei.
Mas o melhor estava guardado para o fim. Um dos motivos para a moção de censura é a presença de uma placa, alusiva ao financiador das obras de requalificação de um parque infantil, transformada pelo PSD na tentativa de “privatizar o Jardim da Estrela, entregando-o à conhecida cadeia de hipermercados Continente, mais uma vez prejudicando todos os seus utilizadores em benefício de um poderoso grupo económico”. Bem pode Ferreira Leite ganhar as directas que quiser no PSD. O seu partido provou ontem que continua agarrado a uma imagem providencial de Santana Lopes, cuja gestão ainda defende, e não hesita em usar uma maioria fraudulenta para ajustar as contas com um passado em que Sá Fernandes lhes estragou os negócios para a privatização de um espaço público que agora parecem ser os mais acérrimos defensores. Olha quem...
Os "barões" do PSD já criticam abertamente a liderança de Ferreira Leite. Nunca se pensou foi que fosse Pacheco Pereira a abrir as hostilidades, mas tudo o que o prolixo colunista escreve sobre a crise do transportes, e a inacção de “toda a gente”, assenta que nem uma luva a Ferreira Leite, líder do maior partido da oposição e que parece encontrar-se há mais de uma semana em parte incerta a assistir impavidamente à crise dos combustíveis.
Manuela Ferreira Leite decidiu não dizer nada durante as directas do PSD. Conduzindo a campanha mais pessoalizada de que há memória, o resultado da estratégia está longe de ser o mais animador. Apesar do significativo crescimento do universo eleitoral, Ferreira Leite apenas conseguiu mais mil votos do que Marques Mendes contra Menezes. As duas candidaturas que disputaram os destroços da cessante liderança bicéfala, conseguiram mais de 60% dos votos. Mas Ferreira Leite não deverá encontrar grandes problemas internos. Cheira a eleições e todos querem ter o seu lugar nas listas que se avizinham.
Os problemas são outros. O que é que Ferreira Leite tem para oferecer que a distinga de um Sócrates que pode reclamar ter conseguido cumprir aquilo a que Ferreira Leite se propôs: pôr as contas públicas em ordem? Acreditar, como circula por alguma blogosfera, que Ferreira Leite vai guinar o PSD para a esquerda e disputar o descontentamento do eleitorado de centro-esquerda é esquecer que o único trunfo que lhe permitiu 37% no PSD, a sua imagem de marca como “dama de ferro”, é um poderoso handicap fora do campo político mais seguro da direita.
Depois o principal. Quem perde um debate com Patinha Antão tem um problema sério para resolver. Mesmo sem dizer quase nada, as entrevistas e declarações políticas de Ferreira Leite foram uma desgraça. Não vai ter essa benesse nas legislativas. Vai ter que explicar ao que vem e como se propõe fazê-lo. E aí, a julgar pelas titubeantes explicações sobre o fim da universalidade no SNS e as prestações nuns debates muito reverentes, a tarefa está longe de garantir os serviços mínimos. Ferreira Leite é a líder escolhida para pôr ordem na casa e perder com dignidade. No estado em que está o PSD já não é pouco. Mas convém não pedir mais que é para não ficar desiludido.
Manuela Ferreira Leite não revela em quem é que votou em 2005, a mandatária para a juventude de Pedro Passos Coelho não revela em quem é que vai votar em 2009.
Pacheco Pereira entende que os grandes planos da cara de Manuela Ferreira Leite, na entrevista de Judite de Sousa, rrepresentam “todo um programa” sobre a parcialidade jornalística. O objectivo? Mostrar “uma mulher velha e cansada, com rugas, com o tempo na cara”. Só que, como se pode ver numa breve busca no Youtube, escapou a Pacheco Pereira a verdadeira dimensão da perfídia do realizador da RTP para perceber que o mesmo já tinha sido feito a Simone de Oliveira ou a Marinho Pinto - só para dar dois exemplos. O programa, que está longe de ser perfeito, anuncia na sua página que "os rostos da notícia estão na “Grande Entrevista" da RTP." O artigo de Pacheco Pereira é todo um programa, sim, mas sobre a forma enviesada como o próprio encara a imprensa e gere a sua intervenção pública e política. Quando não se vitimiza a si próprio, pela perseguição que a esquerda lhe faz pelo seu alinhamento com a guerra no Iraque ou pelos “falsos blogues pornográficos” que teimam em aparecer para retirar o Abrupto da liderança dos blogues nacionais, está a tentar a mesma táctica com aqueles que defende. Só um problema. A fragilidade da candidatura de Manuela Ferreira Leite é a candidata. Pela sua desastrada passagem pelo Governo e pela absoluta falta de tacto político, como se pode ver pelo autêntico disparate que têm sido as escassas oportunidades em que diz qualquer coisa.
PS: Já que se fala na Grande Entrevista, de Judite de Sousa, talvez valha a pena lembrar que cinco dos últimos sete entrevistados são do PSD. Os outros não são políticos. Como esta semana deverá caber a sorte a Pedro Passos Coelho, de há dois meses a esta parte que o principal programa de entrevistas da estação pública está tornado numa espécie de “Povo Livre” televisivo.
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