Como furar um esquema de segurança de 180 milhões de dólares?
(A notícia da semana passada aqui. Estes tipos são bons, fazem-me lembrar um tipo de humor menos acomodado do que os Gato Fedorento e mais refinado que os Felizes da Fé dos anos 90)
Pelo menos estes australianos não serão deportados. Já em 2003, Will Saunders, um cidadão britânico que trabalhava como astrónomo para o governo australiano, correu o risco de ser expulso do país (BBC 2003) por pintar "No War" na casa da ópera (clap clap para a façanha, vídeo aqui). Ontem foi a equipa de Chaser a ser detida depois de entrar como Bin Laden na "zona verde" de Sydney. Ao terceiro checkpoint foram parados e detidos para inquérito. É o preço a pagar por inverter as regras do jogo na caça a Bin Laden.
Por agora fiquem com o último episódio de Chaser's war on everything a ir para o ar, sobre as 'medidas de segurança' impostas aos australianos durante a APEC. Com alguma sorte, teremos novo programa em breve com imagens de novo recorde de bundas anti-Bush. E quem organiza? O "aussie" Will Saunders.
"Daughter" (grande balada musical dos anos 90), no Lollapalooza 2007
A AT&T-comunicações, recordista nos lóbis (36 milhões de dolares desde 1990, a maioria para republicanos desde os anos Clinton), patrocionou o palco principal do festival Lollapalooza. Por decisão da administração, a AT&T decidiu excluir duas frases da versão online do concerto de encerramento (com os Pearl Jam, já bem acabaditos): "George Bush leave this world alone" e "George Bush find yourself another home" (frases já tão banais como a banda que as canta hoje, mas eu sou um tipo amargurado do grunge). Gramem lá então com 4 minutos dos good 'ol 90s para apanhar o coro georgiano (não censurado). Tudo explicadinho no fan club, para quem já lá não põe os pés há um tempo.
Ver a Patti Smith às voltas de carrinho de golf no exterior do recinto do Lollapaloza, enquanto segurava o chapéu com as duas mãos, não foi chamariz suficiente*: Barack estava ao lado e fazia anos. Ali para os lados do parque de estacionamento do Yearlykos, pensei eu, ainda poderia haver uma festa (helas, o barbecue é só na 3a).
Barack não era o único no YearlyKos. Estavam lá todos os candidatos presidenciais, sujeitando-se ao 'informalismo' de sessões abertas com um público 'hostil' de esquerda. Só isto dirá muito do poder do Daily Kos, de que o Pedro já aqui falou. Para quem não conhece, este 'blog' já chegou ao milhão de visitas por dia, com +600,000 visitas em média (em comparação, o público tira uma tiragem de 46,000 jornais), apoiando, pressionando ou denunciando o campo político democrata. Devo dizer que me arrepia o culto Kosiano que faz o cunho deste blog (nem a alternativa desmedida de se passar a chamar 'NetRoots Nation' a partir da próxima convenção), mas vale a pena perceber o que se tem passado por lá ao longo deste fim-de-semana.
Ontem falou-se de dinheiro e lóbis. De todos os candidatos, Hillary Clinton foi a única a admitir continuar a aceitar dinheiro de lóbiistas de Washington (e para quem viu Sicko, aí na coluna do lado, sabe que Hillary sofreu os efeitos dos lóbis farmacêuticos). Por outras: é a única a aceitar dinheiro entregue em mão nos passos perdidos local, a versão mais aberta do tráfico de influências que se passa na política americana.
Um dado interessante nestas contas é o papel de mauzona que todos atribuem à indústria farmacêutica. Pois fiquem-se com esta: de todos os contribuintes registados, a saúde aparece só em 40º lugar, com a American Hospital Association. Muito depois do lóbi da cerveja, dos carros, das comunicações, dos carpinteiros, da Fedex, NRA...e por aí fora. Vejam a tabela dos 100 maiores doadores por vocês, vale a pena.