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Zero de Conduta

Zero de Conduta

02
Set08

Ciência pouco exacta

Pedro Sales

“Estas zonas são escolhidas com critérios científicos da criminalidade”. Foi assim que a PSP justificou o cerco a vários bairros sociais, nas tão mediáticas “acções de prevenção da criminalidade”. Vejamos, então, os resultados de tanta ciência policial.


Na zona de Lisboa, 9 operações, envolvendo 638 agentes, permitiram a apreensão de 8 armas de fogo e 2 armas brancas.


Em cinco distritos do norte do país, a mobilização de 500 agentes durante três noites levou à apreensão de uma arma branca.


Está visto. O país não precisa de mais polícias, tem é que encontrar melhores cientistas. Na PSP davam um jeitaço.

01
Set08

A quinta dos suspeitos

Pedro Sales

A mega-operação que teve lugar na Quinta da Fonte, Quinta do Mocho e bairro da Arroja não foi uma acção isolada. Segundo a PSP, desde o dia 21 de Agosto tiveram lugar nove operações semelhantes. São nove bairros cercados, com casas reviradas do avesso e onde nenhum morador entrou sem ser revistado e interrogado. Presumivelmente suspeitos, portanto, numa grosseira inversão do ónus da prova. Nove operações de "prevenção criminal", envolvendo 638 polícias, para "apreender 8 armas de fogo e 2 armas brancas".


Mesmo tendo em conta o parco pecúlio, a porta-voz da PSP congratulou-se com o sucesso da operação, não podendo ser mais clara nos seus propósitos: “O aparato (...) e a visibilidade da acção policial era um dos nossos objectivos”. Para quem ainda tinha dúvidas, fez o favor de nos esclarecer que “a PSP sente a necessidade de, através da comunicação social, ter um espaço para dizer ao cidadão, estamos presentes, estamos a actuar, estamos onde é preciso e este é o nosso trabalho”. Nada como um bom filme de acção para devolver a confiança às pessoas. Uma única dúvida. Se era para usarem um bairro como cenário, e os seus habitantes como figurantes, só espero que o cachet tenha sido justo.

 

Actualização: A edição de hoje do Diário de Notícias diz que as acções de prevenção criminal têm continuado na zona do Porto, mobilizando mais de 500 agentes nos últimos três dias. Foi apreendida uma arma branca...

01
Jul08

Para isso já têm os Verdes

Pedro Sales

Jerónimo de Sousa, que falava no final de uma reunião de dois dias do Comité Central, voltou a defender “uma convergência” à esquerda, que junte “todos os que estão empenhados num projecto claro de ruptura com a política de direita” em vigor. Contudo, neste espaço de “forças políticas e sociais” de esquerda Jerónimo não inclui a “ala esquerda” do PS e o BE porque, argumenta, as mudanças não se fazem “com paliativos” ou com “bons sentimentos”.

Mais do que o sectarismo, o que impressiona  nestas declarações é a confirmação de que, por detrás do apelo a uma convergência de esquerda, o PCP está a falar de si próprio e das suas organizações satélite. A direcção do PCP encara o seu partido como uma ilha auto-suficiente. Diálogos e convergências só com quem pensar o mesmo que "o Partido". Tudo o resto são "paliativos". Mesmo não tendo nenhuma estratégia, ou sequer ambição, para dialogar com os sectores críticos do partido socialista, o PCP  não se coíbe de passar a vida a louvar  a importância de uma "convergência" à esquerda. Convergência com os seus clones, como se percebe.

29
Jun08

O "Público" não errou, ou o spinning do governo em acção

Pedro Sales

“Segundo a notícia, apenas Espanha, Grécia, Hungria, Chipre e Bélgica declararam firme oposição à directiva, no sentido de que não venha a ser aprovada pelo PE. Perante o silêncio do governo, fica a ideia de que uma boa dose de europeísmo crítico só faria bem ao PS.” André Freire, Público, 23/6/2008

Depois de ter recebido um email do assessor de imprensa do Ministério do Trabalho, no qual este garante que “Portugal se posicionou contra esta proposta de directiva (exactamente a mesma posição adoptada pelo Governo,  espanhol)”, André Freire corrige, no Ladrões de Bicicletas, o sentido do seu artigo. Um único problema. Ao contrário do mail do prestável assessor, que segue o governo e joga com as palavras para esconder a ambiguidade da posição do Ministério do Trabalho, Portugal não votou contra e não seguiu a posição do Governo Espanhol.


O título do comunicado do Conselho de Ministros é sugestivo: “Portugal não votou favoravelmente directiva da UE sobre tempo de trabalho”. Alguém acredita que, se tivesse votado desfavoravelmente, como assegura o assessor do MST, era este o título do comunicado e não, como é normal, um mais enfático “Portugal votou contra directiva da UE sobre tempo de trabalho”? Portugal não votou favoravelmente, é verdade, mas isso é bem diferente de dizer que se “posicionou contra“. Pior, ao contrário da Espanha, Grécia, Hungria, Chipre e Bélgica, que tornaram pública a sua oposição, e garantiram que tudo iriam tentar para que a directiva fosse alterada em favor dos trabalhadores no Parlamento Europeu, o governo do PS permaneceu silencioso e nunca desfez a ambiguidade da sua não posição.


Diz André Freire, cuja honestidade é de saudar, que foi induzido em erro pela notícia do Público, de onde tirou a informação e pelo facto desta nunca ter sido desmentida. É verdade, a notícia nunca foi desmentida, e por uma razão que o prestável assessor muito bem sabe: o Governo não pode desmentir as suas próprias afirmações e as notícias de todas as agências noticiosas internacionais.


Este post do André Freire, relatando o processo pela qual - agora sim - foi induzido em erro, é um típico exemplo de como funciona o spinning dos assessores do governo Sócrates. Jogando com a ambiguidade das palavras, preferem fazer-nos passar por estúpidos. Portugal não apoiou, mas também não se opôs. Preferiu assobiar para o lado. Baixinho e calado. A mais estúpida das posições. Para não comprometer a imagem de bom aluno…ou a carreira que tanto  parece preocupar José Sócrates. 

24
Jun08

As inabaláveis convicções do sr. ministro

Pedro Sales

Em mais uma lamentável intervenção, o ministro da Agricultura acusou as confederações de agricultores de terem ligações politicas à “extrema-esquerda e à direita mais conservadora, que pensam que os problemas se resolvem com mais subsídios”. Estas declarações tiveram lugar à entrada para o Conselho de Ministros da Agricultura. Terminada a reunião, o ministro voltou a falar aos jornalistas para anunciar uma linha de apoio de 40 milhões de euros aos pescadores.
 

20
Jun08

Prometemos acabar com os privilégios, as injustiças são noutra repartição

Pedro Sales

José Sócrates defendeu o aumento da idade da reforma e do número de anos de descontos com a necessidade de equiparar os regimes e acabar com os privilégios dos funcionários públicos. Ontem, o Partido Socialista chumbou um projecto do BE para atribuir a pensão de reforma por inteiro a todos aqueles que, tendo 40 anos de descontos, ainda não atingiram os 65 anos de idade. Uma proposta que pretendia defender todos aqueles que, tendo começado a trabalhar com 12 ou 13 anos, vêm as suas pensões penalizadas depois de uma vida de trabalho. Quando a proposta foi apresentada, Fernando Madrinha escreveu um artigo de opinião no Expresso dizendo que o "o país não tem moral para recusar a reforma a quem trabalha e desconta há mais de 40 anos". Estava certo. Não contava era com o PS.

18
Jun08

Sol na eira e chuva e nabal

Pedro Sales

O Governo português adoptou uma nova e original estratégia. Não se opõe às directivas mais polémicas da União Europeia, como a do retorno dos imigrantes ilegais ou a das 65 horas semanais de trabalho, mas diz que não as irá aplicar em Portugal. Alguém já devia ter explicado duas coisas ao nosso diligente Governo. As directivas comunitárias, depois de aprovadas, são transpostas para a legislação nacional. O Governo até pode passar ao lado das medidas e prazos mais polémicos, como agora garante, mas quem é que nos assegura que será essa a posição do executivo seguinte ao encontrar a porta aberta? É quase certo que Portugal não conseguiria travar estas directivas, mas uma maior firmeza nas convicções, alinhando com os  países que se opuseram à alteração do horário de trabalho, não teria ficado nada mal. Assim, parece que há um discurso para consumo interno e uma preocupação internacional em não manchar a imagem de bom aluno. Ou a carreira de José Sócrates, para usar a expressão do próprio.

03
Jun08

O Paulinho dos tribunais

Pedro Sales

Paulo Portas vai hoje ser entrevistado por Constança Cunha e Sá na TVI. Se é verdade que a “moção de censura construtiva” não me diz nada, a não ser a perplexidade causada pela ideia de censurar um governo porque este não aplica o programa de um partido com 7% dos votos, ainda considero que a entrevista pode ser muito pertinente. Basta que Constança Cunha e Sá não se esqueça de perguntar a Paulo Portas o que é feito do processo que o líder do PP anunciou, vai para um ano, ir instaurar ao Estado por alegada violação do segredo de justiça. Como foi este o único resultado visível da famosa reflexão do PP depois da derrocada eleitoral em Lisboa, e nunca mais se ouviu falar do assunto, não quero acreditar que tudo não tenha passado de uma manobra de diversão de Paulo Portas...

24
Mai08

Dupla personalidade?

Pedro Sales

Depois do artigo do CAA no Correio da Manhã, as edições de hoje do DN e do Expresso também colocam a descer o secretário-geral da UGT, João Proença, por este “dirigente socialista e sindicalista ter decidido ficar caladinho na reunião da Comissão Política do partido em que se discutiu o novo Código Laboral”. O Expresso diz mesmo que Proença “não queria que se ouvisse o que tinha a dizer”. A julgar por esta notícia, que tem passado praticamente despercebida, é bem possível. No preciso momento em que o governo negoceia as novas leis laborais com as centrais sindicais, o dirigente máximo da UGT tem participado nas sessões organizadas pelo partido que suporta o Governo para “explicar o Código do Trabalho aos militantes do PS”. Dupla personalidade, como questionou um jornalista, ou embaraço com as consequências públicas da sua personalidade?

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