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Zero de Conduta

Zero de Conduta

20
Ago07

Fragmentos de uma geração

Vasco Carvalho
Tens entre 6 a 10 anos, entras em casa e vês pela televisão (com 12 botões dos quais só usas 2) que isto é possível, que o pessoal do outro lado do mundo se move assim, dança assim, veste assim.
Não vos afecta, não nos muda? Em nada? Não sei.
Old skool breakdancing in the Bronx, early 80s.
Também é curioso ver como o Bronx dos anos 80 se parece com
a Arrentela dos 2000s.
11
Ago07

Another one bites the dust

Vasco Carvalho

Joy Division, Love will tear us apart, 1980

Intelectual Anarco Capitalista. Seria uma denominação ridícula se não tivesse descoberto os Joy Division, fundado a Factory Records, sido o primeiro a passar Sex Pistols na TV e o centro da cena de Madchester (bem documentado em 24 Hour Party People). Tony Wilson morreu de cancro, sem dinheiro para pagar a medicação que lhe receitaram porque o venerável NHS do Reino de Sua Majestade só comparticipava esta medicação num número limitado de zonas de códigos postais e o dele, infelizmente, não tinha sido eleito no sorteio.

A historieta seria apenas mais uma ilustração macabra de dois pontos maiores: i) o falhanço da eterna reforma do NHS, (mais uma) culpa à qual Blair não pode escapar (apesar de todo o spin) e ii) o desrespeito com que os Estados modernos tratam os seus cidadãos com cancro. São caros, têm poucas probabilidades de sobreviver e a ciência é cara e complexa. Ou seja, são os primeiros a abater (quase literalmente) na busca cega do 'menos e melhor Estado'.

Mas Tony Wilson era muito mais que uma historieta.

PS: In other news, Keith Richards veio admitir que sim, snifou as cinzas do pai. O pessoal é que tinha feito confusão: ele tinha dito que o snifou como se fosse coca, não com coca... Ah, pois, assim a história já faz sentido. Acho que a Disney já o pode receber de volta.
08
Ago07

Momentos anti-climax em tempo real: usando o Record como janela

Vasco Carvalho
Real Madrid-Belenenses
Minuto a Minuto, Jogada a Jogada.

Min 2: As equipas encaixam mutuamente com calma, sem grandes esforços, em ritmo de pré-época, mas já com mais precisão táctica.

Min 13:
Sinal mais inicial do Belém, mas o detentor de La Liga a equilibrar as operações: a diferença de valores individuais, dentro e fora de campo, é, afinal, conhecida...

Intervenção do leitor Pedro Azevedo por volta do Min. 25:
com todo o repeito pelo sempre HISTÓRICO BELENENSES este dito Real Madrid só nos consegue mesmo é suspreender PELA NEGATIVA quando em termos de orçamento deve de "gastar" só nas botas (se é que as paga ÓBVIAMENTE!!!) o MESMO que o Belenenses têm para todas as despesas a época TODA!!!!!!

Min 30: Grande jogada de Mendonça na direita, sentando o campeão do Mundo Cannavaro e obrigando com remate cruzado Casillas a atrapalhar-se: melhor ocasião de golo do jogo!

Intervenção do leitor João Ribeiro por volta do final da primeira parte:
Vamos, azuis do Restelo. Portugal está convosco! Boa sorte.


Intervenção do leitor Diogo Pedro ao intervalo:
sao 11 contra 11 o real eh uma equipa a fazer, novos jogadores, o belenenses ja ta feita. sao 11 contra 11, os orçamentos n interessam pa nada deixem se de desculpas. mas quer me parecer q o real so n marcou ainda por azar.

Min 47:
O Real pressiona de início, mas a defesa azul aguenta-se bem ao balanço

Min 77: O gigante Real não consegue ultrapassar a resistência do David de Belém, que não enjeita atacar...


Min 90 - GOLO DO REAL POR RAÚL. Robinho remata fraco e cruzado da esquerda, Marco parece segurar mas a bola passa-lhe por baixo a vai para a baliza; Raúl só toca a confirmar um golo injusto para o excelente jogo dos azuis...

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21:57 - FIM DA PARTIDA.
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Intervenção do leitor Miguel Pereira no pós-jogo:
Da forma como o Belenenses se bateu, acho que não merecia este resultado. O guarda-redes foi muito mal batido, mas isso só acontece a quem joga. E que banho de humildade deu o Belenenses!!


Tudo comme il faut. Do futebolês aos mitos fundadores. Primeiro, as equipas encaixam mutuamente, mas há um "sinal mais do Belém" apesar da dimensão estratosférica do oponente. Imaginem o que "devem de gastar". Das bancadas ouve-se que nem as próprias botas pagam. Só falta o grito: "chulos". A metáfora fácil de David vs. Golias está sempre lá: ele senta o campeão do Mundo e obriga o outro a atrapalhar-se. Onde joga um Português, joga a nação: "Portugal está convosco". Alguém objecta: São 11 contra 11, "os orçamentos n interessam pa nada deixem se de desculpas ". Pobrezinho e asseadinho, mas honrado. Honrado sim, "aguenta-se bem ao balanço" e "não enjeita atacar", esse "David de Belém". E no final esse desfecho injusto: aos 90 minutos "Marco parece segurar mas a bola passa-lhe por baixo e vai para a baliza". É o fado, é o fado. Que honrado é este "banho de humildade". E fica a vitória moral e o culto de um David, na versão Portuguesa, sempre perdedor: "Só acontece a quem joga." Foi uma honra.

Adenda pós-pós jogo: "
Estamos muito moralizados por entrarmos na Europa com o pé direito", são as declarações pós-jogo do Presidente Cabral Ferreira à Renascença. Todo o frenezim da derrota passa agora para o Blog do Belenenses onde se pode ler que "perder no último minuto com um frango do tamanho do mundo só me pode deixar feliz". Hey, got to celebrate when you can: este mês é o aniversário de Rolando, "muito certinho hoje". Sempre é melhor que a época passada quando depois de "16 jogadores com gripe" rebentou a bomba: "Ivan com papeira!!!"
04
Jul07

Pimenta no cú dos outros para mim é refresco

Pedro Sales
Joe Berardo defendeu ontem, em declarações à Lusa, que a entrada no novo museu Colecção Berardo poderá manter a gratuitidade até ao final do ano. "A minha ideia de museus, do museu de todos nós, não foi fazer as pessoas começarem a desembolsar quando as coisas estão bastante difíceis".

Uma ideia simpática e que até era agradável que fosse extendida a outros museus. Só que Berardo, que cada vez mais se comporta como o dono do CCB e do destino dos dinheiros públicos, fala em causa alheia. Afinal, e é pena que Berardo se tenha esquecido de o esclarecer, os custos de manutenção, conservação, restauro e seguros do museus ficam todos a cargo do Estado. Só para 2007 são 3 milhões de euros de despesa para os cofres públicos. Com o dinheiro dos outros sempre foi fácil ser filantropo.
26
Jun07

Big Show Berardo

Pedro Sales
O Estado Português entregou ontem a maior sala de exposições do país a Joe Berardo e à sua colecção de arte contemporânea. Se este foi um negócio que deixou extremamente satisfeito o omnipresente Berardo, mais estranho é o contentamento efusivo da ministra ou do primeiro-ministro.

O acordo assinado é uma desgraça para os contribuintes. Nem a manutenção da colecção em Portugal - aparentemente a principal razão para a conversão do CCB em museu Berardo – fica assegurada com este acordo. Não há a mínima garantia de que o Estado possa adquirir a colecção daqui a dez anos, como o próprio Berardo já admitiu ao Expresso. “O Estado compromete-se, desde já, a comprar a minha colecção, se eu quiser vender”.

 Tudo se resume a isto. O Estado compra, se Joe Berardo quiser vender.

Entretanto, 
os custos de manutenção, conservação, restauro e seguros ficam todos a cargo do Estado que cede, ainda, toda a área de exposições do CCB a custo zero. Em 2007 são três milhões de euros, mais os 250 mil anuais para a ampliação ao acervo. Se, daqui a 10 anos, o Estado não comprar a colecção, nem por isso pensem que Joe Berardo nos vai dedicar umas simpáticas palavras pelas dezenas de milhões de lhe demos para valorizar a sua colecção.

Fica uma última objecção. Esta medida compromete seriamente a autonomia de exposições do CCB, limitando a inserção deste no circuito internacional de exposições. Para quem duvida, recomendo a leitura deste documento, assinado há uns meses por Mega Ferreira, e no qual a direcção do CCB reconhece que a principal consequência do acordo é a “perda de autonomia de programação do Centro de Exposições e a redução do leque das suas actividades directas, admitindo mesmo que “pode vir a ter que proceder a uma significativa redução dos recursos humanos actualmente disponíveis, em consequência da redução de outras actividade que o citado acordo Celebrado entre o Estado e o Sr. José Berardo venha a impor”. Por agora, fechou já as portas ao centro de formação.

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