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Zero de Conduta

Zero de Conduta

21
Abr08

Um patinho nada patusco

Pedro Sales

Há dois dias que a imprensa questiona como foi possível que a direcção do Boavista tenha sido enganada pelo conto do vigário do “investidor” Sérgio Silva? Curioso, mais a mais quando este vigarista patusco não retirou um cêntimo ao clube. Bem mais interessante, e relevante, parece-me tentar perceber como é que a família Loureiro foi enganando as contas do clube durante anos, nomeadamente o presidente do conselho fiscal, obrigado a avalizar investimentos que lesaram e descapitalizaram o clube em dezenas de milhões de euros, sem que ninguém desse por nada. Essa é que é a pergunta que eu gostava de ver respondida, de preferência pelo actual presidente do conselho de administração da Assembleia da República, o deputado do PS José Lello, e presidente do Conselho fiscal do Boavista durante o consulado da família Loureiro e que agora transitou para a Mesa da Assembleia Geral do clube. O mesmo que até fez uma auditoria às contas de 2004, quando começaram a surgir as primeiras dúvidas sobre a veracidade das finanças axadrezadas, mas nunca se apercebeu de nada. Mesmo para o habitualmente baixo nível de clarividência de José Lello, não deixa de ser comovente tanta "ingenuidade".

Adenda, via Blasfémias: Relatório da Auditoria à SAD do Boavista e o Relatório de auditoria ao Boavista F.C.
21
Abr08

Quem sai aos seus não degenera

Pedro Sales
01
Abr08

Mais uns três processos destes todos os anos e o campeonato até pode voltar a ter emoção

Pedro Sales
26
Fev08

Perguntar não ofende

Pedro Sales

Tendo por base as escutas telefónicas do processo Portucale, o Expresso publicou ao longo das últimas 4 semanas uma investigação jornalística sobre a forma como a Lei do Jogo foi alterada para, tudo o indica, beneficiar retroactivamente a Estoril-Sol. Um mês depois da primeira notícia, o Ministério Publicou anunciou a instauração de um inquérito ao processo do Casino.

Desculpem lá a ingenuidade, mas se a investigação do Expresso só foi possível com base em material de prova que esteve sempre na posse do Ministério Público, porque é que foi preciso o caso ganhar a dimensão mediática e politica que conheceu para que este, através da acção directa do PGR, mandasse instaurar um inquérito? Só se investiga o que está na capa dos jornais e já não dá para esconder para baixo do tapete, ou é mais um inquérito para sossegar os espíritos e deixar tudo na mesma?
25
Fev08

Há coisas fantásticas, não há?

Pedro Sales

O famoso pacote anticorrupção foi aprovado no Parlamento na última sexta-feira. O PP absteve-se. Porque era curto, como disseram os outros partidos da oposição? Não. Porque são contra "o discurso anti-sistema que às vezes roça a demagogia" de "alguns partidos", considerando que a eficácia no combate à corrupção passa pelo reforço de meios de investigação.

Nem de propósito, no dia seguinte o Público transcrevia esta edificante conversa sobre um despacho favorável ao famoso tesoureiro do partido num negócio do auto "...Paulo Portas, ao fim da tarde do dia 14 de Março de 2005. “Olha que o Telmo assinou aquilo!”, disse Portas. “Estamos a falar do Mário [Assis Ferreira]?”, questionou Abel Pinheiro. “Não. Do Mário sim. Da tua coisa.” Abel Pinheiro retorquiu: “Ah. Do meu caso. Já o tenho aqui na mão e foi um fantástico despacho. O PP bem pode dizer o que quiser sobre a corrupção, mas a verdade é que, como disse o Rui Tavares há uns dias, os três anos que passou no governo, e o número de casos pouco claros que originaram, hão de matar o partido por inanição moral.
23
Nov07

Matámos os heróis, tudo bem. Mas e os líderes, deixamo-los andar por aí?

José Neves
Caro Daniel, creio que estamos de acordo em relação a Chavez e à Venezuela. Pelo menos mais de acordo do que estávamos antes desta conversa se iniciar. Deve ser da dialéctica, como tu dizes.

A minha crítica às tuas posições tinha origem aqui: achava eu que essas posições se estavam a embaraçar nos mil e um debates por regra desenvolvidos em torno da figura de Chavez e que, assim, deixavas para segundas núpcias o debate sobre as transformações em curso na Venezuela. Do meu ponto de vista, tal não só tornava a tua posição susceptível de convergir com a crítica da direita a Chavez, como também tornava a tua própria posição “crente” na propaganda chavista que tende a resumir na figura de Chavez os processos revolucionários em curso na Venezuela.
(Reconheçamos no entanto, com ironia se preciso for, que este auto-culto chavista teve o condão de, no momento do golpe de estado, criar a ilusão junto da direita golpista venezuelana e dos ministérios dos negócios estrangeiros espanhol e norte-americano – e português? – de que lhes bastaria colocar Chavez atrás das grades de uma prisão para que o regime fosse à vida…)

Não creio, no entanto, que o problema do excesso de liderança de Chavez seja um problema que devamos restringir a Chavez. Explico-te sucintamente – e portanto simplisticamente – as razões pelas quais essa restrição de alguma forma me embaraça:

Tomo Chavez como uma dupla figura de liderança. A um tempo, líder de um movimento revolucionário; a um tempo, líder de Estado.

Comecemos pelo Estado. Enquanto líder de Estado, o que me afasta de Chavez é o mesmo que me afasta de qualquer outro líder de Estado, de Bill Clinton a George Bush passando por José Sócrates. Isto é, o que me afasta de Chavez enquanto líder de Estado é a própria figura de líder de Estado. Este afastamento tem que ver com o facto de eu não desejar a democracia representativa como “última etapa” da vida política em sociedade e nisto provavelmente diferimos. Embora o tipo de líderes que temos não me seja indiferente, para mim a “corrupção” não reside no facto de termos líderes populistas, carismáticos ou corruptos; a corrupção da democracia, para mim, reside no facto de termos líderes.
Esta diferente perspectivação tem implicações políticas concretas. Por exemplo: contrariamente ao que o BE fez nas autárquicas, eu não daria tanta importância, numa campanha eleitoral autárquica, à crítica dos “corruptos” de Gondomar, Felgueiras e Oeiras; eu sim daria mais importância à promoção de ideias como o orçamento participativo ou outras poetices do género.

(Sei que isto – a recusa da democracia representativa como necessidade democrática – parece muito infantil e muito pouco realista, muito aventureirista e muito irresponsável, muito perigoso e muito ingénuo. Mas te digo que não só vi, ainda há poucos dias, em plena estação de metro, um pastor de uma seita religiosa muito moderna pregar semelhantes balelas, como também te confesso que me dou à ousadia de achar que no actual estado da luta – e que vivam os “homens da luta”! – é muito difícil alguém achar-se superiormente maduro, realista, sensato e responsável. No actual estado das esquerdas europeias, julgo que ninguém tem “lata” para se armar em mais “consequente” do que outrem e, com sorte e com mais uns fracassos políticos estrondosos pelo caminho, daqui a uns poucos anitos já ninguém à esquerda começará uma frase com aquele insuportável advérbio de modo que desde logo considera o interlocutor o mais inapto dos seres políticos: Objectivamente, blá,blá,blá…)

Passemos ao Movimento e por aqui fiquemos que se faz tarde. Enquanto líder de um movimento revolucionário, o que me afasta de Chavez é o mesmo que me afasta de qualquer outro líder de movimento revolucionário. Não me interessa, na verdade, qualquer alternativa que se construa simetricamente à dominância.
Não exigo, por certo, que a alternativa seja absolutamente assimétrica e estou certo que não existe tal coisa como este "absolutamente"; mas, e para concretizar novamente com um exemplo bem perto de nós, confesso que me revejo muito mais no BE enquanto alternativa na medida em que o BE seja um partido que tem mais do que um simples rosto a “dar a cara”. (E não é que o FL - quem muito admiro - não tenha uma cara laroca, que a tem).
01
Nov07

"É um produto fraudado? É, mas até o fraudado tem a sua qualidade"

Pedro Sales
Várias companhias brasileiras, para esconder a má qualidade do leite e aumentarem a margem de lucro, juntavam soro, água oxigenada e soda cáustica ao lacticínio. Isso mesmo, água oxigenada e soda cáustica. Com a mistura, poupavam 10% de leite e, segundo os especialistas, a fraude era impossível de detectar sem o recurso a testes de laboratório. Sabor, textura e aroma era tudo igual. Os nutrientes, claro, é que não estavam lá. Como tudo no Brasil, o esquema funcionava em grande, num esquema de corrupção que envolvia as empresas, políticos e fiscais que deveriam avaliar a qualidade do leite.

Tavez conhecendo o caso de Gomes da Silva - o ministro da Agricultura de Guterres que convocou uma conferência de imprensa para comer mioleira de vaca -, um dos deputados federais chamou ontem os jornalistas para "dar um recado" aos brasileiros e beber um copo de leite. "Sou contra a fraude, mas sou a favor do que está aí, o leite possível. Querer um leite de qualidade a curtíssimo prazo é a mesma coisa que querer acabar com o analfabetismo no Brasil. É um produto fraudado? É, mas até o fraudado tem a sua qualidade", disse Piau. Está visto, a realpolitik chegou ao leite.

O deputado em causa recebeu, na última campanha eleitoral, 40 mil euros da cooperativa proprietária de uma das marcas de leite envolvidas no escândalo.

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