A verdade é que para demasiada gente, não importa quem vai entrar na Casa Branca. O que importa é quem vai sair: Bush. (...)Tal como aconteceu com Bill Clinton em 2000, não há neste momento quem não tenha queixas contra Bush.A tese de Rui Ramos é simples. Todas as eleições nos EUA são um plebiscito ao presidente cessante. O que está a acontecer com Bush este ano não tem nada a ver com a natureza das suas políticas, mas sim com a forma como a política norte-americana está estruturada. É sempre assim, e já o mesmo tinha acontecido anteriormente com Clinton. Nada mais falso. Como se pode ver no gráfico acima, que agrega as taxas de popularidade de todos os presidentes norte-americanos desde o pós-guerra, Clinton foi o único que abandonou o cargo com uma taxa de aprovação superior à do dia que tomou posse. Desde que a Gallup faz estes estudos, aliás, ninguém abandonou o cargo com um popularidade tão elevada. Mas Rui Ramos recorre a outra analogia para defender Bush. Só podemos analisar o seu legado daqui a umas décadas, pois o que agora se diz de Bush já antes se dizia de Reagan, a quem
foram precisos 20 anos para "toda a gente reconhecer virtudes a um outro “cowboy estúpido”, cuja presidência aliás também terminou de rastos". Não sei, novamente, onde é que Rui Ramos foi arranjar estes dados, mas está outra vez errado. Reagan acabou a sua presidência com índices de popularidade próximos dos 60%, sendo mesmo o presidente republicano mais popular das últimas seis décadas, enquanto
Bush anda pelos vinte e pouco por cento (abaixo de Nixon quando este foi destituído).
Compreende-se o embaraço dos guerreiros de sofá que apoiaram Bush na mentira do Iraque, e em sucessivos abusos em nome da "guerra ao terror", com a rejeição popular sem precedentes de que goza o "seu" homem. De resto, a forma como Rui Ramos recorre à mistificação mais absurda - ignorando ou "esquecendo" todos os dados conhecidos - é bem reveladora da forma como, contra todas as evidências, continuam agarrados à defesa acrítica do homem que um dia aterrou nas Lajes para abraçar Durão e envolver meio mundo numa mentira sem nome.