"The case for war was based on fraud," he said. "That's the core charge in this impeachment resolution. And it just takes one article to be able to force the administration and the president to the consequences of their deceit."
Come to think of it, I'm thrilled to be anywhere with high ratings these days.
Bush, com a popularidade muito por baixo, aparece no Deal or No Deal para desejar sorte a um soldado condecorado - voluntário, purple heart, três comissões no Iraque, ultimate american - que arrisca tudo por um jackpot milionário que pague a casa dos pais (lindo). O episódio foi um flop, 27% abaixo da audiência média do programa.
O jornalista do New York Times que revelou o programa ilegal de escutas, autorizado por George Bush, foi intimado para revelar as fontes a que recorreu para escrever um capítulo do seu livro sobre o programa nuclear iraniano. Se não o fizer, será preso. Não é a primeira vez que um jornalista do Times é detido por se recusar a revelar as fontes de notícias que embaraçaram a administração Bush. Embora o caso não seja o mesmo, não há como negar que este processo é mais uma tentativa de perseguição política sobre a imprensa que ainda investiga o que se passa nos pouco recomendáveis bastidores da dupla Bush-Cheney.
A tese de Rui Ramos é simples. Todas as eleições nos EUA são um plebiscito ao presidente cessante. O que está a acontecer com Bush este ano não tem nada a ver com a natureza das suas políticas, mas sim com a forma como a política norte-americana está estruturada. É sempre assim, e já o mesmo tinha acontecido anteriormente com Clinton. Nada mais falso. Como se pode ver no gráfico acima, que agrega as taxas de popularidade de todos os presidentes norte-americanos desde o pós-guerra, Clinton foi o único que abandonou o cargo com uma taxa de aprovação superior à do dia que tomou posse. Desde que a Gallup faz estes estudos, aliás, ninguém abandonou o cargo com um popularidade tão elevada. Mas Rui Ramos recorre a outra analogia para defender Bush. Só podemos analisar o seu legado daqui a umas décadas, pois o que agora se diz de Bush já antes se dizia de Reagan, a quem foram precisos 20 anos para "toda a gente reconhecer virtudes a um outro “cowboy estúpido”, cuja presidência aliás também terminou de rastos". Não sei, novamente, onde é que Rui Ramos foi arranjar estes dados, mas está outra vez errado. Reagan acabou a sua presidência com índices de popularidade próximos dos 60%, sendo mesmo o presidente republicano mais popular das últimas seis décadas, enquanto Bush anda pelos vinte e pouco por cento (abaixo de Nixon quando este foi destituído).
Compreende-se o embaraço dos guerreiros de sofá que apoiaram Bush na mentira do Iraque, e em sucessivos abusos em nome da "guerra ao terror", com a rejeição popular sem precedentes de que goza o "seu" homem. De resto, a forma como Rui Ramos recorre à mistificação mais absurda - ignorando ou "esquecendo" todos os dados conhecidos - é bem reveladora da forma como, contra todas as evidências, continuam agarrados à defesa acrítica do homem que um dia aterrou nas Lajes para abraçar Durão e envolver meio mundo numa mentira sem nome.
Dois dias depois de ser conhecido um relatório das 16 agências de informação dos EUA indicando que o Irão não tem capacidade para desenvolver uma arma nuclear e que suspendeu, desde 2003, o programa para a obter, George Bush apareceu em público para reafirmar que o Irão permanece uma ameaça. Este relatório, que foi mantido secreto durante mais de um ano por pressão da sua administração, não impediu Bush e a sua equipa de ter passado os últimos meses a acusar o Irão de pretender desencadear a III Guerra Mundial. Compreende-se. Se a mentira funcionou no Iraque, porque razão não havia de funcionar com o Irão? No fundo, Bush é como Pacheco Pereira. Também é da “escola” que se recusa a dar o “braço a torcer”. É a guerra, é a guerra.
O João Miranda tem razão numa coisa. Existe um preocupante sinal de "politização da academia e do desrespeito pelas regras tradicionais de debate". Não tem é nada a ver com o caso Watson. Está na capa de hoje do Washington Post. O relatório sobre a consequência para a saúde humana do aquecimento global, elaborado pela agência federal dos EUA responsável pela prevenção e estudo das novas doenças, foi "editado de forma significativa" pela Casa Branca. Resultado, um estudo original de 14 páginas foi amputado da maioria do seu contéudo, tendo sido entregue aos congressistas e imprensa um documento com 6 páginas.
Seymour Hersh analisa, na última edição da New Yorker, os planos de Bush para o Irão e a forma como a sua administração está a reutilizar as mesmas tácticas utilizadas para justificar a guerra no Iraque. Há uns anos era preciso atacar o Iraque por causa das suas ligações à Al-Qaeda, agora é preciso atacar o Irão por causa da sua intromissão no Iraque.
O Governo iraquiano vai expulsar do país os mercenários da Blackwater, retirando a licença à maior empresa de "segurança privada" a actuar no país. Estas empresas desempenham, desde o início, uma parte fulcral na ocupação militar do país, calculando-se que existam 30 a 50 mil mercenários a soldo das autoridades norte-americanas. De acordo com o partido democrata, quase metade do dinheiro gasto pelos EUA no esforço militar no Iraque vai para estas empresas, apesar de ninguém saber quais são as suas operações, métodos ou objectivos.
Apesar do segredo ser a alma do negócio, os constantes abusos chamaram a atenção internacional perante estes mercenários que não respondem perante os tribunais nem cumprem qualquer tipo de convenção internacional. O New York Times chama mesmo a atenção para que, de acordo com a lei em vigor, o governo iraquiano não tem capacidade para julgar os crimes cometidos por estes mercenários no seu país.
Ficam aqui dois vídeos sobre o modus operandi destas empresas. O primeiro, que originou uma investigação das autoridades dos EUA, revela a forma muito peculiar como estes senhores se divertem nos tempos livres. O segundo é uma reportagem da Nation sobre a Blackwater.
Ontem, George Bush agradeceu o apoio português nas intervenções militares no Iraque e Afeganistão.
"We´re not occupying Iraq, we were invited!", diz a porta-voz da Casa Branca numa patética operação da administração Bush para reescrever a história. Vídeo encontrado no Bitoque do costume.
"In what is perhaps the strangest turn in the president's effort to rally support, he agreed that Iraq is just like Vietnam, but in a good way -- and that our only mistake was not starting that war, but ending it." Jon Stewart, responde à declaração de George Bush, comparando a eventual retirada do Iraque com o Vietname. A intervenção de Bush pode ser vista aqui.
Uma comparação que deve ter sossegado os americanos...
George Bush é um homem desesperado. Ontem, falando numa convenção de veteranos de guerra no estrangeiro, comparou a guerra no Iraque com o Vietname, uma analogia que recusou durante vários anos. Para Bush, a retirada das tropas terias as mesmas consequências desastrosas que o fim da presença militar americana no Vietname. Vale a pena ver a excelente cobertura que a MSNBC fez destas polémicas declarações.
"O nosso país segue uma nova estratégia no Iraque e peço-vos que lhe dêem uma oportunidade para funcionar", disse George Bush no último Estado da União. Afinal, é a estratégia mais velha da política externa norte-americana. Financiando os velhos inimigos sunitas, a administração Bush tem apoiado as suas milícias para estas combaterem a Al Quaeda. O problema é que, com o dinheiro e armamento, estes rapazes colocam cada vez mais problemas ao governo xiita, de inspiração iraniana, mas apoiado pelos EUA.
Depois dos EUA terem armado os taliban para combater a presença soviética no Afeganistão e apoiado Sadam contra o Irão, era suposto que a administração Bush aprendesse com os erros e percebesse que, amigos destes, serão os próximos a meter-lhes uma bomba no quintal mal tenham a oportunidade e vontade. Mas, isso é daqui a uns anos e o horizonte de Bush, Rumsfeld e companhia mede-se cada vez em dias.
Quase metade dos estrangeiros detidos em prisões geridas pelos EUA no Iraque são cidadãos sauditas. 45% dos estrangeiros responsáveis pelos ataques e atentados às tropas americanas e a civis iraquianos são sauditas. Metade dos combatentes sauditas actualmente no Iraque são bombistas suicidas, a percentagem mais elevada de todas as nacionalidades presentes no atoleiro iraquiano. Nos últimos seis meses, esses ataques mataram ou feriram 4000 iraquianos. Os números foram avançados, esta semana, pelo Los Angeles Times. Para quem não se lembra, 19 dos autores do 11 de Setembro eram cidadãos do grande amigo saudita e Bush continua a acusar a Síria e o Irão de promoverem o terrorismo.
p.s: Esta entrada foi corrigida. As alterações estão a bold, mas, no essencial, o sentido do post mantém-se inalterado: uma parte muito significativa dos responsáveis pela violência sectária que grassa no Iraque são cidadãos sauditas.
Pretendendo conhecer como é que a guerra tem afectado o dia-a-dia dos civis iraquianos, uma equipa de repórteres da “Nation” passou os últimos meses a entrevistar 50 veteranos das tropas americanas. O resultado é um dossier impressionante. Relatos de guerra na primeira pessoa, a desumanização do “outro” só possível quando se encaram todos os civis como potenciais agressores. Absolutamente a não perder. As histórias que raramente lemos, e muito menos vemos, sobre a brutalidade de uma ocupação que começou em nome de uma mentira. Fotogaleria no Guardian.
20 de Janeiro de 2009. É a data marcada para a redenção dos EUA, com a retirada de cena da administração Bush-Cheney e o juramento de bandeira de novo dynamic-duo. 560 dias portanto para imaginar embates como Gore-Obama vs. Bloomberg-Schwarzenegger, êxito de bilheteira garantido. Sobretudo 560 dias de política para além do freak show bicéfalo, Bush-Cheney.
Ou não? As possibilidades são infinitas e vão desde a miragem neo-Nixon de uma destituição de poderes em pleno mandato (ver também aqui ou aqui) a um final de mandato à Guerra das Estrelas: intensificar no Iraque, manter o Afeganistão e, mesmo no finalzinho, quando já ninguém espera, bombardear o Irão 'back to the Stone Age'. Buum, explode a Estrela da Morte, e final de filme.
Infelizmente, esta segunda possibilidade parece bem mais factível que a primeira. Os planos são conhecidos e a vontade de Cheney já expressa (ver aqui ou melhor e com detalhe aqui). Quem considere isto improvável ou duvide da força do Vice-Presidente pode começar por repensar o impacto da personagem na história recente, lendo esta sequência de artigos de antologia no Washington Post.
É favor conservar-se sentado, apertar o cinto e agarrar-se à cadeira, que a aproximação à pista pode ser turbulenta.
3 de Julho nos EUA. Um pouco por todo o lado, a azáfama que precede o ritual da Independência toma conta da terra abençoada. O dia que se segue é complexo e há que estar preparado: são os direitos inalienáveis e os saldos do 4 de Julho pela manhã, é a liberdade e o barbecue pela tarde, é a constituição e o jogo de baseball pela noite. Tudo com muito fogo de artifício, muita Star-Spangled Banner e muitas preces pelos homens que defendem a democracia imperial lá longe, nesse além-mar povoado de bestas, barbudos e bombistas.
Bush entretanto segue o seu próprio ritual de família e perdoa o obscuro Scooter Libby, tal como o seu pai havia perdoado o secretário de defesa no escândalo Irão-contras: afinal de contas é só perjúrio e a prisão parece-lhe 'excessiva'. Sim, afinal o que é essa mentirinha no meio de tantas? E já agora, evita-se a chatice de dar motivos para falar a alguém que sabe demais. Elementary, my dear Watson. Ou no vernáculo do Presidente: 'it's just the one finger victory salute'.
A História não o preocupa: sabe que lhe será bondosa tal como foi com o novo pai da pátria, Reagan. E no entretanto, há mais que fazer. Há que virar as costeletas na brasa e urrar USA.
Em tempo de crise, os agentes federais precisam de uma maior liberdade para poderem fazer o seu trabalho, defendeu Antonin Scalia num recente colóquio internacional que teve lugar no Canadá. “Jack Bauer salvou Los Angeles...salvou centenas de milhar de vidas”, justificou.
Provando ser um profundo conhecedor da série, deu como exemplo o episódio onde as brutais técnicas de interrogatório evitaram o que parecia ser um eminente ataque nuclear à Califórnia. Interpelando os seus colegas canadianos, perguntou-lhes se “condenavam Jak Bauer?”. “Diziam que a lei está contra ele?”, “que tem o direito a um julgamento?”. “Havia algum jurado que condenasse Jack Bauer? Não me parece.”
Antonim Scalia não é um juiz qualquer. É, há mais de 20 anos, um dos 9 poderosíssimos juízes do Supremo Tribunal dos EUA, a quem compete defender e interpretar a constituição da única superpotência mundial. Scalia percebe muito bem a diferença entre realidade e ficção. Se usa Jack Bauer como exemplo é porque sabe que o dramatismo das escolhas morais da série - potenciado pela aceleração do tempo de uma sucessão de crises que decorrem em 24 horas - é o caldo certo para aceitar a capitulação dos direitos civis.
É este maniqueísmo moral, imposto pela administração Bush desde o 11 de Setembro, que ajuda a perceber que Gantanamo, pese embora o seu carácter excessivo, não é uma anormalidade no sistema. É o Gulag desta administração, só possível porque o clima mental que se foi criando é o da compreensão de que, em tempos de crise, são necessárias medidas exemplares que justificam a suspensão da lei e do Direito.
A separação de poderes, assente num rigoroso sistema de checks and balances, foi a principal vítima da cruzada maniqueísta imposta pela dramatização moral organizada por Bush no pós 11 de Setembro. Em seu nome, e depois do Patriot Act, liberdades civis dadas como imutáveis há poucos anos foram sendo desmanteladas, uma a uma. De um e do outro lado do Oceano Atlântico.
Foi essa, e não a cénica destruição das torres gémeas, a maior vitória dos terroristas no dia 11 de Setembro. Que Jack Bauer se tenha tornado no seu rosto predilecto não é de admirar.