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Zero de Conduta

Zero de Conduta

22
Ago08

Ainda a tanga do turismo olímpico

Pedro Sales

Não sei como é que o campeões de sofá ainda não repararam, mas o turismo olímpico não começou em Pequim. Há quatro anos, em Atenas, um desses atletas sem "brio", "honra" e "ética" fez o quarto pior resultado na sua modalidade.  Mais um fraco “que não aguentou a pressão” e que se divertiu à custa dos nossos impostos, tendo mesmo conseguido a proeza de terminar a sua participação com um resultado inferior ao que fazia quando ainda era júnior. O seu nome? Nélson Évora.


É um exemplo limite, mas que permite perceber a estupidez de usar o exemplo de atletas na sua maioria amadores, e que correm perante 200 pessoas no Estádio Universitário, para fazer umas graçolas com pretensão a leitura psicanalítica sobre a incapacidade lusitana para vencer e da ausência de uma mentalidade vencedora como fado lusitano.


As cíclicas depressões nacionais têm destas coisas. Exigem cada vez menos matéria para a sua combustão. Nem que se trate de crucificar atletas que fizeram os exigentes mínimos olímpicos e que, mesmo treinando a desoras e normalmente depois do trabalho ou faculdade, estão entre os melhores do mundo. Não ganharam 23 medalhas, é verdade, mas desde quando é que isso era suposto acontecer? E a Irlanda, Suécia, Grécia ou Bélgica, que ainda não levaram nenhuma medalha de ouro, e que estão a ter uma participação inferior à portuguesa? Também serão uns indolentes sem capacidade de vencer? Condenados à mediocridade porque não se conseguem superar nos momentos decisivos?


Verdade, verdadinha é que confrangedora ignorância da maioria da opinião publicada e da imprensa que percebe tanto de desporto como eu de física quântica, se está nas tintas para os atletas, interessando-lhes apenas mais um motivo para fazer umas tiradas sonoras sobre a pequenez da "alma lusitana" e do nosso triste destino. Os olímpicos de Pequim são apenas um pretexto para exultar com a humilhação dos “derrotados”. Que, pelo caminho, estejamos a criar as condições para perder uma dúzia de excelentes atletas que, como o Gustavo Lima, não está para aturar estas merdas, está longe de lhes merecer um pingo de atenção.

2 comentários

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    Pedro Sales 25.08.2008

    É verdade. Pouca gente faz desporto em Portugal, a base de recrutamento é escassa. Se a isso juntarmos que o desporto escolar é incipiente e os clubes não têm dinheiro para apoiar outras modalidades que não o futebol, não há muita volta a dar. Não é necessário é bater nos poucos que têm a capacidade de sacrifício e de génio para estar nos J.O , só porque um país em peso, que pouco percebe de desporto, entende que temos que vir carregados de medalhas e de lugares em finais.
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