Segunda-feira, 23 de Junho de 2008
Os ricos que paguem a saúde (mais ou menos)
Só há um pais da OCDE em que o Estado não garante os cuidados universais de saúde. Nos EUA, onde o Medicare garante a saúde dos pobres, todos os outros têm que pagar pelo seu bolso os famigerados seguros. Resultado. No país que mais gasta com a saúde em todo o mundo, 46 milhões de pessoas não têm acesso a nenhum cuidado de saúde, público ou privado.
É a partir deste excelente exemplo de ineficiência e iniquidade que Ferreira Leite que conter as despesas do Estado. Não apresenta um número sobre o SNS que exija a alteração da sua filosofia, o que se compreende quando estamos a falar do serviço público mais eficaz e que, ao contrário de quase tudo no país, se encontra entre os melhores do mundo. Os ricos que paguem a saúde, parece ser o mote deste novo PSD. Como os ricos já não põem os pés no serviço público, fica-se sem perceber onde é que este serviço universal empobrecido vai melhorar o que quer que seja. A não ser, claro, que Ferreira Leite pretenda mexer no bolso na classe média e média-baixa. A mesma que já se encontra sobreendividada, recebendo salários de mil e poucos euros para pagar 500 ao banco pela prestação da casa.
Ferreira Leite começou a sua campanha mostrando-se preocupada com a pobreza e o empobrecimento da classe média. A sua primeira proposta é coerente. Nivelar por baixo, destruindo o melhor e mais eficiente serviço público para promover a iniciativa privada. O “novo” PSD pode ter menos aparato cénico e ser menos histriónico, mas é apenas uma nova embalagem para a demagogia de sempre.
De
MFerrer a 23 de Junho de 2008 às 16:38
Se se reparar, MFL é duma regularidade extraordinária:
Diz-se e desdiz-se à mesma velocidade a que lhe chegam as motivações do imediato.
Agora é que está no seu apogeu. O resto vai ser sempre a descer. Como o pêndulo.
Tão depressa é preciso reactivar a economia,
como o consumo das famílias que já estão pelos cabelos com as dívidas que fizeram nos últimos 6 a 8 anos.
E que dizer então do fino trato para as questões do investimento reprodutivo?
E essa pérola da justiça social referente ao SNS ?
Vai tudo de pantanas.
Votem nela e depois emigrem.
Nunca isto esteve tão próximo do desatre!
MFerrer
PS- Já copiei o seu post anterior. É excelente.
Obrigado
De maria a 23 de Junho de 2008 às 23:48
O Zapatero encontrou uma solução muito satisfatória de contenção de alguma despesa do Estado que não prejudica as políticas sociais nem implica mais impostos : vai congelar os salários dos altos cargos da administração pública. Vê ? há sempre um sitio certo para ir buscar dinheiro. É preciso é não ter medo.
500 euros por mês? Ainda há quem pague apenas 500 euros por mês? Sem acesso a créditos bonificados, com empréstimos de pelo menos 100 mil euros e a menos de 40 anos? 500 euros por mês? Isso é quase milagre...
De Alberto Gomes a 24 de Junho de 2008 às 11:18
O SNS é o nosso melhor e mais eficiente serviço público?
Oh não, ainda estamos pior do que eu pensava!
De IF a 27 de Junho de 2008 às 11:05
Mil e poucos euros por mês?? Deixa-me rir! Se a classe média-baixa ganhasse isso por mês estava muito melhor!
Olhe que eu tenho formação superior, tinha um contrato definitivo de trabalho, trabalhava na minha área de formação e ganhava 536€/mês! Fora o subsídio de deslocação que era pago à parte pelo patrão (+100€). Grande fortuna, hein?
O DESincentivo laboral é das questões mais preocupantes da sociedade e da economia portuguesas. Enquanto os patrões pensarem que metem mais dinheiro aos bolsos poupando nos salários dos trabalhadores e cortando em direitos e regalias sociais estamos condenados a não sair da cepa torta.
Há que reinstituir o devido respeito pelos trabalhadores. Quando terminei a faculdade e comecei à procura de emprego, a atitude dominante era de estarem a fazer-me um favor ao oferecerem-me um trabalho precário (a recibos verdes ou mesmo sem contrato), pago miseravelmente ou mesmo sem salário (queres trabalhar? trabalha de graça porque há muitos há procura de emprego e se tu não te sujeitas a isto há quem se sujeite).
Agora mudei-me para o estrangeiro, trabalho numa área totalmente diferente daquela em que me formei e ganho perto de 2,000€. Onde trabalho há respeito pelas nossas qualificações e o nosso desempenho profissional é valorizado. A formação e a reciclagem profissional são incentivadas e até temos uma licença de férias (entre muitas outras) dedicada exclusivamente ao estudo (muitos colegas meus estão a complementar os seus estudos).
É um exemplo a seguir em Portugal.
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