A Praça das Flores foi transformada durante duas semanas num gigantesco condomínio privado, com um batalhão policial a garantir que, depois das 17 horas, apenas entram os moradores recenseados e os felizes portadores de um convite da Skoda. Numa câmara sem dinheiro, posta de rastos pela mesma direita que agora se tornou uma súbita defensora do espaço público, é compreensível que a gestão da CML tente arranjar formas originais de reabilitar o espaço público sem comprometer o erário público. Mas, sendo compressível que se concessione espaços como o da Praça do Comércio ou da Figueira, não há nada que explique o que passou pela cabeça dos vereadores para não perceberem que esta decisão iria tornar a vida dos moradores de um pequeno bairro, que vive à volta daquela praça, num inferno.
Ao contrário do que vem na maioria dos blogues, a autorização para esta inaceitável privatização do espaço público foi assinada pelo vereador Marcos Perestrello, tendo Sá Fernandes passado a autorização de ruído até às 22h30. A forma desajeitada como Sá Fernandes apareceu, desde o primeiro momento, a defender o indefensável, tornou-o na figura mais a jeito para desancar. É certo que não devia ter autorizado uma decisão que desliga um bairro dos seus moradores e demais habitantes de Lisboa, mas ver a forma como a PCP, Helena Roseta ou a blogosfera em peso se atira ao “Zé”, esquecendo-se do principal mentor da Skodização da Praça das Flores, é elucidativo sobre as prioridades de alguma da indignação sobre este caso. I
Eu nem sequer sei onde fica a dita praça, e não moro nesse bairro de certeza. Mas pergunto, é assim tão grave ter música, por má e em alto volume que ela seja, até às dez e meia da noite? Infelizmente, as Câmaras licenciam, explícita ou implicitamente, coisas bem piores - o Rock in Rio, por exemplo, ou certas discotecas. E é assim tão grave que, para se estacionar o carro perto de casa, se tenha que mostrar um salvo-conduto de morador? Ao fim e ao cabo, o mesmo se passa no Bairro Alto, onde também só entra de carro quem fôr morador... E é assim tão grave ficar-se sem um jardim durante um mês? Há quanto tempo é que muitos outros jardins da cidade estão em Obras de Santa Engrácia?
Parece-me que se está a fazer demasiado barulho por uma questão minúscula.
A praça fica entre o Parlamento e o Príncipe Real.
Passei pela Praça das Flores às 20 horas da última sexta-feira e o que encontrei foi dezenas de seguranças privados a pedir o registo na junta de freguesia para deixar entrar os moradores e uns bons dez políciais a acompanhar o processo. na esquina, dentro de uma carrinha, encontravam-se uns bons 10 polícias do corpo de intervenção. Não sei se o aparato policial é estes todos os dias, mas é bem elucidativo sobre o que se está a passar na Praça das Flores.
A questão não é ficar sem o jardim. É ficar sem o acesso ao bairro durante 15 dias.
Pois...grande visão a tua Lavoura. Para mim, que moro na Praça das Flores, todos os inconvenientes do Rock in Rio em Chelas são uma questão minúscula! Diz-me onde moras dir-te-ei quem és...
Certa blogosfera, nomeadamente a próxima do BE, aproveita todas as oportunidades para bater no PCP. Pq sim e pq não. Se é legítimo que o faça, descentrando o alvo, queriam o quê, quando Sá Fernandes, candidato canibalizado pelos bloquistas, se põe a jeito. Ou só o PCP é que atira ao lado?
Que inocente que é o Zé. Realmente ele fazia muita falta, como se vai constatando a par e passo. Ainda o hei-de ver a fumar. Les coquins me fatigue! " (Traduzido para Lisboeta de Alcântara, quer dizer: Estou farto de malandros!)