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Abr08
O alarmismo, a doença infantil do sensionalismo
Pedro Sales
O João Gomes, na Câmara de Comuns, diz que eu não entendo o problema da violência, principalmente na juventude, considerando que a minha posição é um reflexo natural do “esquerdismo”, essa “doença primária”. Talvez valha a pena recordar ao João que o post em causa, sobre o alarmismo mediático a partir da agressão de um cidadão a dois policias à porta da esquadra de Beja, foi escrito dois dias depois de todos os canais noticiosos apresentarem insistentemente este caso como um sinal do aumento da violência e da necessidade de reforçar o número de agentes policiais. Sejamos sérios. Se dois polícias não são capazes de pôr na ordem uma pessoa desarmada, o que é que isso tem a ver com a necessidade de mais agentes? E quantos é que são necessários para responder a um desordeiro? Era esse o sentido do post. A forma como, depois da overdose comunicacional por causa da insubordinação de uma aluna, as televisões continuam a agarrar até à exaustão num caso que está longe de poder suportar qualquer tipo de análise de conjunto e montam uma vozearia que impede qualquer reflexão.
De resto, eu não desvalorizo a questão da insegurança, nem “olho com naturalidade” para o sucedido na esquadra de Moscavide - assunto sobre o qual nem me referi. A invasão da esquadra, essa sim, levanta questões que importa perceber. Por que é que uma esquadra com 48 polícias, divididos por três turnos, apenas tinha 5 de serviço às 17 horas? Mesmo entendendo que existem baixas e férias, 48 a dividir por 3 dá 16. Onde é que pára [o resto d]a polícia? Que modelo organizacional é que permite esta aparente anormalidade? Quanto ao resto, num país que tem dos menores índices de criminalidade violenta do mundo e uma elevadíssima média de polícias por habitante, quando é que chegamos ao número correcto de agentes? Ou temos que responder a cada safanão sencionalista, qual Pavlov, com a cassete da necessidade de contratar mais efectivos para as forças policiais, independentemente dos números da criminalidade e de agentes no activo? Só assim é que deixamos de ser um doentio esquerdista?
De resto, eu não desvalorizo a questão da insegurança, nem “olho com naturalidade” para o sucedido na esquadra de Moscavide - assunto sobre o qual nem me referi. A invasão da esquadra, essa sim, levanta questões que importa perceber. Por que é que uma esquadra com 48 polícias, divididos por três turnos, apenas tinha 5 de serviço às 17 horas? Mesmo entendendo que existem baixas e férias, 48 a dividir por 3 dá 16. Onde é que pára [o resto d]a polícia? Que modelo organizacional é que permite esta aparente anormalidade? Quanto ao resto, num país que tem dos menores índices de criminalidade violenta do mundo e uma elevadíssima média de polícias por habitante, quando é que chegamos ao número correcto de agentes? Ou temos que responder a cada safanão sencionalista, qual Pavlov, com a cassete da necessidade de contratar mais efectivos para as forças policiais, independentemente dos números da criminalidade e de agentes no activo? Só assim é que deixamos de ser um doentio esquerdista?