Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008
Lógica da batata
Realizou-se na semana passada o VI Congresso Nacional do Milho, ficando acordado no encontro a produção de mais 200 mil toneladas deste cereal para garantir a quota nacional de 10% de agrocombustíveis até 2010. Segundo o presidente da associação promotora do encontro, Luís Vasconcelos e Sousa, a crescente utilização do milho e sorgo na produção de agrocombustíveis “nunca irá pôr em causa a produção destes cereais para fins alimentares”. Tudo bem, não fosse o problema que se coloca não ser a escassez de cereais mas o seu preço. O pão aumentou 30% este ano, e é provável que ainda aumente mais 15%.
O leite vai pelos 15%, enquanto a maioria dos bens alimentares se fica pelos 5 a 10%.
Portugal não é um caso isolado. A pressão inflacionista nos bens alimentares é mundial e
tem o dedo nada escondido da corrida ao “petróleo verde” - cujos
efeitos nefastos estão longe de se ficar pela carteira. Curiosamente, enquanto o ministro da Agricultura diz estar
“preocupado” com aumento dos bens alimentares, o Governo garante
generosos milhões de euros em benefícios fiscais para desviar terrenos agrícolas para produzir combustíveis que vão tornar a comida ainda mais cara. Pagamos duas vezes. Nos subsídios e no supermercado. O Governo parece encontrar alguma lógica nisto. Por mim, só encontro a da batata.
Batata que por sinal tem este ano o seu ano internacional.
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