19
Fev08
Meter água
Pedro Sales
Choveram 65 mm por metro quadrado em Lisboa. Pouco mais de metade do que aconteceu nas cheias de há 40 anos, mas mesmo assim o suficiente para lançar o caos na capital e arredores. Acessos bloqueados, ruas inundadas, falhas de luz e gás. Fiel aos velhos valores nacionais, o ministro do ambiente resolveu sacudir a água do capote. Diz que a culpa é das câmaras, e até tem razão, porque o tratamento de esgotos é uma brincadeira. Mas daí até dizer que o país não tem um problema de ordenamento do território, vai a distância que separa a desresponsabilização individual do disparate sem sentido. Será que Nunes Correia é a única pessoa que ainda não se apercebeu que a desproporção entre as chuvas e o seu efeito, começa precisamente no desordenamento territorial? Em Portugal constrói-se onde se quer e apetece. Em leito de cheia, alterando a linha de água e impermeabilizando todos os solos. Se dá para injectar betão é porque se pode construir. Depois logo se vê. Uma irresponsabilidade que está longe de ser exclusiva das autarquias, mais a mais quando é este mesmo Governo que se preparar para construir a plataforma logística bem no meio do leito de cheias do Tejo. O ministro acha que não há um problema de Ordenamento? Claro que não. E este mês tem 31 dias.
PS: Algo me diz que, na primeira vez em que apareceu como protagonista, Nunes Correia traçou o seu destino político. Das câmaras afectadas pelas cheias, a única que não lhe respondeu directamente foi a de Lisboa. António Costa, que é o número dois do PS, tem outros canais para fazer sentir o seu descontentamento. Quando é que é a próxima remodelação?
PS: Algo me diz que, na primeira vez em que apareceu como protagonista, Nunes Correia traçou o seu destino político. Das câmaras afectadas pelas cheias, a única que não lhe respondeu directamente foi a de Lisboa. António Costa, que é o número dois do PS, tem outros canais para fazer sentir o seu descontentamento. Quando é que é a próxima remodelação?

