09
Jul07
Uma campanha subterrânea
Pedro Sales
Depois do inenarrável hino de apoio a Carmona Rodrigues, Toy voltou hoje a entrar em força na campanha. O mesmo Toy que ainda há dois anos dava espectáculos de apoio à CDU em Setúbal, e que dá entrevistas a dizer que “quem me quiser em campanha tem que pagar”, apareceu ontem como figura de cartaz num concerto da Gebalis. Para quem tem problemas com as siglas, a Gebalis é a empresa que gere os bairros sociais da Câmara de Lisboa, e que é presidida por um candidato da lista de Carmona Rodrigues. O caso, que revela uma nada indirecta forma de pagar a participação do cantor na campanha, deu tanto nas vistas que o concerto foi cancelado.
Numa câmara que tem um pelouro da cultura, a empresa que gere os bairros municipais dedica-se a gastar milhares de euros a organizar espectáculos nos bairros sociais, perpetuando a lógica guetizante de zonas que vivem fechadas sobre si próprias. Não oferece frigoríficos, como Valentim, mas, com menos dinheiro, cria uma rede clientelar junto das pequenas colectividades de bairro que é o sonho de qualquer candidato à câmara. Compreender a forma como se faz esta campanha paralela é compreender porque razão, nos últimos 30 anos, Fontão de Carvalho foi, à vez, vereador do PS, PSD, CDU e PP.
Mais interessante que os truques de Carmona é a forma, exemplar, como este caso nos demonstra como é possível em Lisboa, e no século XXI, realizar-se uma campanha subterrânea em tudo semelhante à que acontece em Gondomar ou num qualquer país da América Latina. Uma campanha que não aparece nas notícias e da qual nada se sabe do “outro lado” da cidade, a não ser quando um caso aparece nos jornais.
Este episódio é revelador por isso mesmo. Por nos dar conta de como, durante anos, a presença nestas empresas municipais foi disputada pelos partidos que governaram a Câmara. Oferecendo pão e circo, elas são a garantia de milhares de votos. Afinal, a Gebalis sempre está à frente de 70 bairros e 25 mil fogos, onde vivem aproximadamente 87.500 moradores. 1 em cada 5 eleitores de Lisboa vive nestes bairros. Com tanto voto em jogo até é de estranhar que o Carmona não tenha contratado a Shakira.
Numa câmara que tem um pelouro da cultura, a empresa que gere os bairros municipais dedica-se a gastar milhares de euros a organizar espectáculos nos bairros sociais, perpetuando a lógica guetizante de zonas que vivem fechadas sobre si próprias. Não oferece frigoríficos, como Valentim, mas, com menos dinheiro, cria uma rede clientelar junto das pequenas colectividades de bairro que é o sonho de qualquer candidato à câmara. Compreender a forma como se faz esta campanha paralela é compreender porque razão, nos últimos 30 anos, Fontão de Carvalho foi, à vez, vereador do PS, PSD, CDU e PP.
Mais interessante que os truques de Carmona é a forma, exemplar, como este caso nos demonstra como é possível em Lisboa, e no século XXI, realizar-se uma campanha subterrânea em tudo semelhante à que acontece em Gondomar ou num qualquer país da América Latina. Uma campanha que não aparece nas notícias e da qual nada se sabe do “outro lado” da cidade, a não ser quando um caso aparece nos jornais.
Este episódio é revelador por isso mesmo. Por nos dar conta de como, durante anos, a presença nestas empresas municipais foi disputada pelos partidos que governaram a Câmara. Oferecendo pão e circo, elas são a garantia de milhares de votos. Afinal, a Gebalis sempre está à frente de 70 bairros e 25 mil fogos, onde vivem aproximadamente 87.500 moradores. 1 em cada 5 eleitores de Lisboa vive nestes bairros. Com tanto voto em jogo até é de estranhar que o Carmona não tenha contratado a Shakira.