23
Dez07
"Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades"
Pedro Sales
A Starbucks vai chegar a Portugal no próximo ano. Prometem revolucionar os cafés do país, oferecendo um espaço amplo para os clientes conversarem, lerem ou acederem à net na rede sem fios dos seus estabelecimentos. É o sinal dos tempos. Depois de, há pouco mais de 15 anos, termos assistido ao encerramento dos principais cafés do país, onde se podia conversar, estudar e ler o jornal sem ser importunado pelos empregados, vêm agora as grandes cadeias internacionais embrulhar o conceito e apresentar a mesma proposta como uma grande inovação.
Faz apenas dezasseis anos que a McDonalds instalou o seu primeiro restaurante em Lisboa nas instalações do antigo café Colombo. O local não podia ser mais simbólico. O país estava com pressa de modernidade e não tinha mais tempo para se sentar no café a ler o jornal e a conversar. Um a um, vários se lhe seguiram. O Café Portugal e a Chave de Ouro, em Lisboa, ou o Café Imperial na Praça da Liberdade, são apenas alguns exemplos. Agora, basta um breve passeio pela baixa de Lisboa e é impossível não tropeçarmos num qualquer chill out café ou lounge café . Locais onde se pode estar com tempo e com calma. Nada contra. Mas não deixa de ser um exemplar retrato da forma como a economia global nos embrulha a modernidade, reescrevendo a história e vendendo o velho como uma novidade absoluta. Não se apropria apenas das fachadas e do espaço físico. Resgata a memória e a língua. É como se nada tivesse existido antes destes espaços normalizados, estandardizados e assépticos. O velho é novo. O novo é velho. A novílingua passou por aqui. E esqueceu-se do tabaco, claro.
* título do post retirado da letra d´O tempo não pára, de Cazuza.
Faz apenas dezasseis anos que a McDonalds instalou o seu primeiro restaurante em Lisboa nas instalações do antigo café Colombo. O local não podia ser mais simbólico. O país estava com pressa de modernidade e não tinha mais tempo para se sentar no café a ler o jornal e a conversar. Um a um, vários se lhe seguiram. O Café Portugal e a Chave de Ouro, em Lisboa, ou o Café Imperial na Praça da Liberdade, são apenas alguns exemplos. Agora, basta um breve passeio pela baixa de Lisboa e é impossível não tropeçarmos num qualquer chill out café ou lounge café . Locais onde se pode estar com tempo e com calma. Nada contra. Mas não deixa de ser um exemplar retrato da forma como a economia global nos embrulha a modernidade, reescrevendo a história e vendendo o velho como uma novidade absoluta. Não se apropria apenas das fachadas e do espaço físico. Resgata a memória e a língua. É como se nada tivesse existido antes destes espaços normalizados, estandardizados e assépticos. O velho é novo. O novo é velho. A novílingua passou por aqui. E esqueceu-se do tabaco, claro.
* título do post retirado da letra d´O tempo não pára, de Cazuza.