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Zero de Conduta

Zero de Conduta

20
Set07

Abrupto macht frei

Pedro Sales
Pacheco Pereira considera que “tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia”, acrescentado que este bom homem “é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime nem sequer delito de opinião”.

Já aqui escrevi sobe o Código Processo Penal e a indignação sem sentido a propósito da libertação de não sei quantos presos preventivos. Mário Machado não deve ser tratado de forma distinta da que é reservada a todos os outros detidos e se excedeu o prazo máximo de prisão preventiva deve ser libertado. Mas não é isso o que faz Pacheco Pereira, misturando o que tem a obrigação de saber que não tem nada a ver com o caso, apenas para dizer que este homem é um preso político.

Em primeiro lugar não sei onde é que foi buscar a excepção nacional da criminalização do incitamento ao ódio racial. A negação do holocausto é crime na Alemanha, países como a Irlanda ou França têm legislação contra os crimes de ódio, incluindo a sua defesa. Delito de opinião, sim senhor, também dá para condenar e expulsar na liberal Inglaterra.

Depois, Pacheco Pereira tinha a obrigação de saber, e sabe, que o líder dos skinheads nacionais está longe de estar preso por “razões puramente políticas”. Foi acusado de 17 crimes, incluindo ameaça de morte. Uma advertência que é para levar a sério, atendendo a que este “preso político” já cumpriu pena pelo seu envolvimento no homicídio de Alcino Monteiro, cujo crime foi ter nascido com uma cor que Mário Machado e os seus amigos consideram impura. O ano passado, foi condenado a três anos de prisão, suspensa por um período de quatro anos, por extorsão, por dois crimes de sequestro dados como provados e pela posse ilegal de arma.

Para quem se indignou, até à medula, com a destruição de um pequeno campo de milho por um grupo de adolescentes tardios, escrevendo dezenas de posts sobre esse “atentado” ao Estado de direito, não deixa de ser curioso verificar esta abrupta conversão à causa deste “preso politico” que dá pelo nome de Mário Machado.

Mas nada disso importa a Pacheco Pereira, nem o detém na sua cruzada de equiparar os movimentos de esquerda aos energúmenos neonazis que suportam Mário Machado. Por muito condenável que seja, a destruição de um hectare de maçarocas de milho não tem nada a ver com terrorismo, da mesma forma que o caso de Mário Machado não tem nada a ver com perseguição política. Mesmo a manipulação e a má fé intelectual têm limites. Pacheco Pereira ultrapassou-os.

Vale a pena ler, os delitos de opinião de Mário Machado.

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