18
Jan08
Morrer de tédio
Pedro Sales
Camilo Castelo Branco costumava ridicularizar Almeida Garrett, dizendo que só mesmo no Frei Luís de Sousa é que se conseguia encontrar alguém que tivesse morrido de vergonha. De vergonha não constam muitos registos médicos, é certo, mas parece que há quem acredite que o tédio pode matar. Não há outra explicação para a prestação de Vitor Constâncio na interminável audição que ainda está a decorrer na Assembleia da República sobre o "caso BCP". O tom monocórdico, arrastado e vazio parece programado para adormecer os deputados, jornalistas e quem o está a seguir na televisão. Ou, pelo menos, os que ainda conseguem contar 2+2 depois de ouvir as suas declarações.