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Zero de Conduta

Zero de Conduta

04
Jan08

O tal canal

Pedro Sales

Portugal tem o mercado publicitário mais distorcido da Europa. Como em nenhum outro país, os anunciantes concentram o seu dinheiro na televisão (70% do volume de anúncios) e só não o fazem de uma forma mais intensa porque existem limitações legais que o impedem. A abertura do concurso para mais um canal de televisão em sinal aberto vai reforçar essa tendência, tornando ainda mais complicada a já debilitada situação financeira da maioria dos títulos da imprensa escrita. Uma comunicação social sem recursos e em permanente guerra para captar audiências e anunciantes não deveria interessar a ninguém, jornalistas incluídos. Conduz à degradação da informação. Ao fim do jornalismo de investigação. À diluição da autonomia dos seus profissionais. À diminuição da independência face ao poder politico e económico. À tabloidização de toda a imprensa, incluindo a de referência.

Abrir um canal televisivo em sinal aberto não é o mesmo que abrir uma padaria ou fábrica de curtumes. Tem profundas implicações no funcionamento do sistema democrático. A revolução não será televisionada, já diz a famosa canção dos anos 70, mas a verdade é que a democracia passa cada vez mais pela televisão. Para o bem e para o mal, a comunicação social é o principal mediador entre o sistema politico e a população. Não é por acaso que é nos liberais EUA que encontramos a legislação que mais entraves coloca à concentração da comunicação social. Por cá, contudo, o argumento liberal é que este licenciamento é um intrusão do Estado no normal funcionamento do mercado que deveria ter o direito de criar as estações em sinal aberto que entendesse. Dizem-no como se o licenciamento público das televisões generalistas fosse uma originalidade nacional e não ocorresse o mesmo em todos os outros países. Ao contrário do que argumentam, uma comunicação social sem meios de subsistência, e com profissionais cada vez mais precarizados, é que se torna refém de todo o tipo de interesses. A começar pelos mais fortes. Os do governo e os dos grandes grupos económicos.

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