Sexta-feira, 22 de Junho de 2007
Simplex, simplex, despedidex
Alice Marques viu o primeiro-ministro na televisão a anunciar o simplex. Acreditou nele. Afinal, sempre eram 333 medidas que iam pôr o país à andar e pôr um ponto final na burocracia no Estado. O que ninguém explicou à Alice Marques é que, juntamente com a papelada, também se punha um ponto final na confidencialidade dos dados. Descobriu-o agora, pela pior via.
Foi despedida e prejudicada na indemnização que deveria receber.
Acreditando nas promessas do nosso primeiro, resolveu solicitar, no portal do Governo, informação sobre a situação fiscal da empresa onde trabalhava, a Mendes Godinho, que estava a fechar as portas e a negociar as rescisões com os seus empregados.
Fazer uma queixa no portal do Governo, cuja privacidade deveria ser garantida pelo Estado, foi a única medida simplex. A partir daqui, a denúncia foi andando de direcção geral em direcção geral até chegar à Parpública. Como a Parpública participa do capital da Mendes Godinho, a sua chefe ficou a conhecer toda a história. Foi encostada à parede e obrigada a aceitar o montante que a empresa fixou. Perdeu 3500 euros. Agora, a Alice Marques, que vai pôr o Estado em tribunal, já conhece como funciona o simplex. Uma propaganda bonita para esconder a confusão do costume.