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Zero de Conduta

Zero de Conduta

23
Jul07

Foi pouco tempo, mas ainda continua a facturar

Pedro Sales
“Gostei muito do pouco tempo que estive na política”. António Mexia, à Visão.

Durante anos, António Mexia foi apresentado como o modelo do empresário de sucesso. Liberal e empreendedor, foi um dos primeiros rostos do Compromisso Portugal. Fazia parte de uma nova geração de empresários que nasceu fora das empresas do Estado, diziam. Quando chegou ao Governo, foi saudado como o homem que vinha da sociedade civil. Vale a pena ver o seu currículo para vermos, de perto, quem são esses empresários do “Compromisso” que teimam em dar lições de governação.

Exceptuando o período no Banco Espírito Santo, toda a carreira de António Mexia foi feita à custa de nomeações politicas em empresas participadas pelo Estado. O “pouco tempo” que esteve na política foi o da sua vida profissional. Começou pela assessoria política do Secretário de Estado Comércio Externo, de onde foi nomeado para a vice-presidência do Instituto do Comércio Externo. Depois da passagem pelo BES, foi nomeado pelo ministro da Economia para a presidência da Galp Energia. Em 2004 liga-se a Santana Lopes que o nomeou para uma empresa municipal de Lisboa (a EGEAC) de onde sai para um curto período no Governo Santana. Pouco depois acaba na EDP, mais uma empresa participada pelo Estado.

É este um dos rostos do Compromisso Portugal e que dá entrevistas para nos dar a boa nova de que “temos que tornar-nos numa sociedade menos dependente de terceiros. O Estado deve garantir, precisamente, a liberdade de escolha e essa é uma das questões do Compromisso Portugal”.

Olhando para o seu currículo, cedo se percebe que Mexia é apenas um exemplo dos liberais que criticam o Estado de segunda a quinta-feira, para aproveitar o último dia da semana para firmar proveitosos contractos em que o lucro está sempre garantido. Repugna-lhes a presença do Estado na Economia, mas não sabem viver sem a renda garantida pelos negócios proporcionados pelo mesmo Estado. Lusoponte, privatização das Estradas de Portugal ou o modelo de financiamento do TGV, são apenas alguns exemplos destas parcerias público-privadas em que o risco é sempre assumido pelo Estado (ou seja, pelos contribuintes). A classe empresarial portuguesa é assim. Quanto o Estado garante o lucro são todos liberais. António Mexia é só um exemplo.

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