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Zero de Conduta

Zero de Conduta

02
Jan08

As novidades chegam sempre atrasadas à província

Pedro Sales

"A universalidade e gratuitidade deste tipo de serviços - saúde, educação e segurança social -, é exactamente aquilo que é insustentável. É a ideia do modelo social europeu. É completamente insustentável". Pacheco Pereira, balanço de 2007 para o Expresso.


Não deixa de ser curioso que a assumpção liberal de Pacheco Pereira ocorra precisamente quando, do outro lado do Atlântico (e no único país industrializado onde se quebrou o mito da universalidade e gratuitidade deste tipo de serviços), todos os candidatos presidenciais se esforçam para apresentar planos que, de uma forma ou de outra, garantam cuidados de saúde aos 46 milhões de cidadãos que não têm direito a qualquer assistência, pública ou privada. O fim da universalidade e gratuitidade deste tipo de serviços tem vítimas. E quando Pacheco Pereira diz que o modelo social europeu é insustentável, não deve ter perdido muito tempo para reparar que os EUA, despendendo percentualmente o dobro de qualquer outro país, têm piores indicadores de saúde e deixam um sétimo da sua população ao abandono. O mesmo na educação, onde os eleitores americanos têm sistematicamente rejeitado em referendo a introdução do cheque ensino, e, no único estado onde este se encontra em vigor, os custos públicos com a educação têm disparado descontroladamente.

Se é assim nos EUA, imagine-se as consequências sociais de colocar um ponto final na universalidade dos cuidados de saúde ou educação, num país com dois milhões de pobres e onde o Estado considera rica qualquer família que se governe com dois mil euros por mês. Insustentável é esta lógica liberal, assente na sistemática campanha contra os serviços sociais prestados pelo Estado, e que nos quer fazer crer que é inevitável o fim da universalidade das prestações sociais, porque sim. Insustentável, porque é uma violência social, e insustentável porque não tem nenhuma sustentação nos factos e nos números.

Leitura recomendada: The Free Market: A False Idol After All?, no New York Times.

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