28
Jul07
Governo virtual
Pedro Sales
O Ministério da Justiça criou um centro de mediação de conflitos e arbitragem no Second Life. Está certo. Como não consegue resolver os crónicos atrasos do nosso sistema judicial, alguém deve ter dito ao ministro Alberto Costa que talvez fosse melhor alhear-se de vez da realidade e criar uma ilha no jogo da vida virtual. Fica a consolação provinciana de que “somos os primeiros”. Pois, por alguma razão mais ninguém se lembrou de colocar o sistema judicial a regular um jogo de computador...
Aparentemente, ninguém no governo terá reparado no ridículo que é criar uma mediação de conflitos virtual ao mesmo tempo que se deixa, todos os anos, prescrever milhares de processos e outros milhares se arrastam por tempo indeterminado. Processos que custam dinheiro a sério, e não trocos virtuais. Que contam na vida das pessoas e na economia do país.
Este gesto, aparentemente insignificante, é uma das melhores metáforas sobre o “moderno” estilo de governação de José Sócrates. Mediar o quê e para quê? Não importa, o que conta é a forma e a forma é como aparece nas notícias. Dá a ideia de que somos modernos e tratamos a tecnologia por tu. Depois, se não houver ninguém para encher as salas virtuais, não há problema: contrata-se uma agencia de casting virtual. Se não existir, melhor. Ainda vamos a tempo de criar uma e dizermos que, mais uma vez, estamos no pelotão da frente.
Aparentemente, ninguém no governo terá reparado no ridículo que é criar uma mediação de conflitos virtual ao mesmo tempo que se deixa, todos os anos, prescrever milhares de processos e outros milhares se arrastam por tempo indeterminado. Processos que custam dinheiro a sério, e não trocos virtuais. Que contam na vida das pessoas e na economia do país.
Este gesto, aparentemente insignificante, é uma das melhores metáforas sobre o “moderno” estilo de governação de José Sócrates. Mediar o quê e para quê? Não importa, o que conta é a forma e a forma é como aparece nas notícias. Dá a ideia de que somos modernos e tratamos a tecnologia por tu. Depois, se não houver ninguém para encher as salas virtuais, não há problema: contrata-se uma agencia de casting virtual. Se não existir, melhor. Ainda vamos a tempo de criar uma e dizermos que, mais uma vez, estamos no pelotão da frente.