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Para todos aqueles que pretendam ver as mais recentes séries norte-americanas, o site de vídeos Hulu é uma boa solução. A qualidade de imagem é excelente, e, aturando muito menos anúncios do que em qualquer canal nacional, é possível assistir a grande parte das série de maior sucesso no dia seguinte à da sua emissão nos EUA. A melhor parte: entre os vários programas disponíveis, já se pode encontrar os excelentes Daily Show e Colbert Report. Infelizmente, o serviço só funciona nos EUA. Isto, claro, se não se conhecer este pequeno programa. Depois de instalado, é só corrê-lo de cada vez que se quiser ver um programa ou série em hulu.com.
O MMS, um novo partido que promete ser ainda pior do que aqueles que já conhecemos, defende um verdadeiro “combate e repressão à criminalidade”. Como? Com o abandono dos tabus da polícia na utilização de armas de fogo, a ideia peregrina de que a vítima deve ter uma palavra na escolha da pena do seu agressor, ou a convicção de que têm que ser os detidos a pagar os encargos do sistema prisional. Para defender esta barbaridade, como a classifica um conhecido constitucionalista, não é preciso um nome modernaço. O que não falta são modelos históricos de “combate e repressão à criminalidade”, como a entende o MMS, desde o faroeste das pradarias norte americanas até aos gulags, rapidamente entendidos por Estaline como uma forma de colocar os presos a pagarem os custos da sua detenção.
Só num país em que não se dá nenhum valor à liberdade, como é o nosso, é que é possível ver um conhecido jornalista pedir o levantamento de direitos e garantias constitucionais, alegando uma eventual "situação excepcional" causada pelo assalto a meia dúzia de bancos e bombas de gasolina. Quando a defesa do Estado de direito não resiste a uns bandidos de meia tijela, é melhor nem pensar no que seria dito e exigido se tivéssemos sofrido um ataque terrorista como os que tiveram lugar a 11 de Março ou Setembro.
Mas não se pense que o disparate ficou por aqui. Mais grave, porque proferidas por um juiz, foram as afirmações de que a insegurança só está a aumentar porque não são os políticos, mas os cidadãos comuns, as suas vítimas. Uma declaração inaceitável e que torna bem visível a mentalidade reinante em significativos sectores da Justiça, já patente em casos como o Envelope 9 ou as fugas de informação provenientes do gabinete do anterior PGR.
Na sequência do júbilo público com o “sucesso” da operação de resgato do BES de Campolide, o que não faltaram foi vozes a dizer que o tiro de um sniper "foi mais importante para a prevenção do crime violento do que muitas leis”, ou a defender o "efeito dissuasor" que o mesmo ia representar no "mundo do crime violento". A julgar pelas imagens que têm aberto os noticiários da última semana, das duas uma: ou o pessoal do mundo do crime violento não tem televisão em casa e ainda não percebeu o alcance da mensagem, ou os nostálgicos do faroeste nunca perderam muito a pensar no assunto, caso contrário teriam reparado no escasso impacto que a severidade das penas ou a violência policial produz na prevenção da criminalidade, como se pode facilmente reparar pelo exemplo dos EUA.
Por muito genial que seja, nem Tiger Woods consegue andar na água enquanto joga golfe. Num vídeo chamado “Jesus Shot”, um utilizador do Youtube denunciou o erro numa das séries de jogos vídeo mais famosas do planeta. A Electronic Arts é que não ficou nada convencida e, no anúncio televisivo para promover a nova versão do jogo, aproveitou para dizer que nunca houve erro nenhum, Tiger Woods é que é mesmo bom. Vale a pena ver, mais não seja para constatar a crescente importância que, depois dos políticos, também as empresas começam a conferir ao carácter viral da internet.
Na sexta-feira o PSD pediu a demissão do ministro da Administração Interna, justificando o pedido com o aumento da criminalidade e com a ausência de esclarecimentos do governo. No sábado, num artigo de opinião sobre o "alarmante aumento da criminalidade" e o "inaceitável silêncio" do primeiro-ministro sobre o assunto, em nenhum momento Manuela Ferreira Leite solicita a demissão de Rui Pereira. Está visto, o "novo" PSD fala pouco. Para o país...e uns com os outros.
A propósito dos posts que eu e o maradona fomos escrevendo sobre os críticos da prestação portuguesa nos Jogos Olímpicos, O Rodrigo Moita de Deus diz que, de repente, “todos se lembraram de dizer mal do futebol”, esse nicho de qualidade e excelência que rompeu com a mediania desportiva nacional. Comecemos pelo óbvio. Faz tanto sentido dizer que alguém que assina como maradona "anda a dizer mal do futebol", como classificar de anti-comunista o tonto que acaba de chamar José Estaline ao filho. Pela parte que me toca, e enquanto o Hugo Viana se mantiver longe de Alvalade, também nada me move contra o futebol (estando até a mentalizar-me para resistir aos 238 trocadilhos idiotas que a imprensa vai inventar com o nome do novo avançado do Porto).*
Até concordo com quase tudo o que diz o Rodrigo (**), a começar pela natural constatação de que o futebol é o ultimo a poder ser culpado pelo desinteresse generalizado que os portugueses nutrem pelas restantes modalidades, mas a verdade é que o seu post nada nos diz sobre o clima mental que se instalou no país enquanto o Nélson Évora não saltou 17 metros e 67.
Vale a pena recapitular. Partindo de uma representação nacional que em nada se distinguiu pela negativa das anteriores, a imprensa começou a dar como certo que os atletas nacionais não tinham "brio", "honra" e "ética". Depois já não eram os resultados, eram as desculpas. Pouco interessava que as "desculpas" até nem se tenham destacado face à das restantes delegações. O veredicto estava traçado. Foram fazer turismo olímpico, ainda por cima à custa dos nossos impostos, começaram a escrever uma dúzia de colunistas, apenas interessados nos resultados de Pequim para confirmar que o nacional porreirismo é um fado nacional que nos condena como povo. Foi o que fizeram, só para dar dois exemplos mais recentes, o Henrique Raposo e o Alberto Gonçalves. Este último, capaz de pérolas retóricas como “correr e saltar são exercícios de que qualquer bruto é capaz”, encontra a justificação suprema para a pequenez dos portugueses nas declarações de Gustavo Lima – que, em três olimpíadas, teve num 6.º lugar o seu pior resultado – e numa atleta que “ficou em 46.º lugar (entre 50)”. Ora, até mesmo o Alberto Gonçalves tem condições para perceber que essas 50 foram as que obtiveram os mínimos olímpicos - um rigoroso critério de selecção da elite mundial. Não é “46.º lugar (entre 50)”. É a 46.ª melhor do mundo na sua actividade.
Mas, que é isso, para o prolixo colunista? Como todos sabemos ninguém pára o Gonçalves. Ele são as palestras em Yale, Cambridge, Harvard e as constantes edições na Oxford University Press. Com tanto trabalho, de um dos 46 mais conceituados sociólogos do mundo, quem é que pode levar a mal que ele - e aos outros que se lhe juntaram na desbunda - ande para aí a criticar a preguiça nacional?
*. Hulk.
**. as restantes objecções ao texto do Rodrigo encontram a resposta nesta fotografia que o maradona colocou no seu blogue. Mas também podíamos falar no ABC, um clube que, num país sem tradição em andebol, conseguiu ir a 2 finais europeias de clubes.
Está um tipo dez dias na China a acumular todas as medalhas que encontra pela frente, para dar ao volta ao mundo e ver-se utilizado numa provinciana fotografia de um governo sedento de boas notícias nas capas de jornais.
Não sei como é que o campeões de sofá ainda não repararam, mas o turismo olímpico não começou em Pequim. Há quatro anos, em Atenas, um desses atletas sem "brio", "honra" e "ética" fez o quarto pior resultado na sua modalidade. Mais um fraco “que não aguentou a pressão” e que se divertiu à custa dos nossos impostos, tendo mesmo conseguido a proeza de terminar a sua participação com um resultado inferior ao que fazia quando ainda era júnior. O seu nome? Nélson Évora.
É um exemplo limite, mas que permite perceber a estupidez de usar o exemplo de atletas na sua maioria amadores, e que correm perante 200 pessoas no Estádio Universitário, para fazer umas graçolas com pretensão a leitura psicanalítica sobre a incapacidade lusitana para vencer e da ausência de uma mentalidade vencedora como fado lusitano.
As cíclicas depressões nacionais têm destas coisas. Exigem cada vez menos matéria para a sua combustão. Nem que se trate de crucificar atletas que fizeram os exigentes mínimos olímpicos e que, mesmo treinando a desoras e normalmente depois do trabalho ou faculdade, estão entre os melhores do mundo. Não ganharam 23 medalhas, é verdade, mas desde quando é que isso era suposto acontecer? E a Irlanda, Suécia, Grécia ou Bélgica, que ainda não levaram nenhuma medalha de ouro, e que estão a ter uma participação inferior à portuguesa? Também serão uns indolentes sem capacidade de vencer? Condenados à mediocridade porque não se conseguem superar nos momentos decisivos?
Verdade, verdadinha é que confrangedora ignorância da maioria da opinião publicada e da imprensa que percebe tanto de desporto como eu de física quântica, se está nas tintas para os atletas, interessando-lhes apenas mais um motivo para fazer umas tiradas sonoras sobre a pequenez da "alma lusitana" e do nosso triste destino. Os olímpicos de Pequim são apenas um pretexto para exultar com a humilhação dos “derrotados”. Que, pelo caminho, estejamos a criar as condições para perder uma dúzia de excelentes atletas que, como o Gustavo Lima, não está para aturar estas merdas, está longe de lhes merecer um pingo de atenção.
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