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Anda para aí uma grande indignação com o concerto de ontem de Amy Winehouse. A sua voz esteve longe do brilhantismo do estúdio e estava alcoolizada ou sob a influência de outras substâncias? Claro que sim. Mas, o que esperavam? Os relatos sobre os tumultuosos concertos de Amy são mais do que abundantes. Que os índios agora descobertos na Amazónia desconhecessem as condições em que actua Winehouse é compreensível, agora quem foi sabia perfeitamente ao que ia. E o que viu, para além dos problemas com a voz e da notória desadequação da sua música num festival ao ar livre, foi do melhor que alguma vez passou pelo parque da Bela Vista. Não só pela sua actuação, como pelo brilhantismo dos músicos que a acompanham.
Num festival famoso pelos actuações sensaboronas e milimetricamente previsíveis dos Sting ou Santanas fora de estação, o fulgor de Amy (aqui bem explicado) tinha mesmo que dar que falar e causar tanta confusão. Em Portugal, as pessoas vêem um concerto querendo uma recriação perfeita da música que conhecem do estúdio. O mais curioso é que suspeito que grande parte destes “puristas”, chegam a casa e recostam-se no sofá a ouvir a Billie Holiday ou a Nina Simone, dois génios que não acabaram a sua carreira em condições muito distintas das actuais de Amy. Eu, por mim, continuo a achar que o melhor concerto que a que assisti foi o dos Pogues no Coliseu, com um Shane MacGowan completamente alcoolizado. Será sempre melhor que o plástico que para aí anda.
O Partido Popular garante, ao jornal Público, que a moção de censura que apresenta é diferente das que apresentaram o Bloco e o PCP. Porquê? “Porque os populares prometem não se limitar a criticar um tema concreto, como consideram ter feito o BE e o PCP, mas focar-se em vários aspectos da governação e apresentar alternativas ponto por ponto. Dos combustíveis à política fiscal, das pensões à segurança, da saúde à educação. "Nós pensamos que muitos problemas se resolvem por via da economia e não por via de mais Estado", defende, enquanto frisa que o CDS defenderá menos Estado na saúde e na educação. "Vamos discutir políticas."
Um único problema. Uma moção de censura não é para apresentar alternativas de governação. Existem outros meios no Parlamento para o fazer, mas a censura é o instrumento para castigar o incumprimento ou a ineficácia das políticas do Governo. O que o PP está a fazer é a censurar o PS por este não estar a seguir um programa, neste caso o do PP, que não foi escolhido nas urnas. O Partido Popular defende menos Estado na saúde e na educação? Muito bem, está no seu direito. Vai a votos e sujeita-se à vontade popular. Agora, entender que uma moção de censura é o instrumento para impor ao Governo um programa que não foi sufragado, isso é que é novidade. Só mesmo o PP para chamar a esta fraude uma attitude construtiva.
A rivalidade que fez do basquetebol um desporto global está de regresso. 21 anos depois, aí estão os outra vez os Lakers contra os Celtics nas finais da NBA. Agora, só resta esperar que desta vez ganhem os verdes do outro lado do Atlântico.
A reportagem ontem transmitida pela SIC sobre "os perigos da internet" é um dos momentos televisivos mais hilariantes dos últimos tempos. Para quem não viu - erro que rapidamente deve corrigir aqui, via 5 Dias -, Moita Flores faz o favor de alertar os portugueses, nos tons apocalípticos de quem comenta a internet com a mesma seriedade com que "analisa" o desaparecimento de uma menina inglesa, que os blogues são o espaço onde se trafica armas, organizam terroristas e se organiza o branqueamento de capitais...
Depois de desfilar mais um sem número de lugares comuns, como o de uma disparatada noção de invasão da privacidade e de uma leitura mais que enviesada do caso Cicarelli, o jornalista que introduz a peça avisa-nos que um computador portátil é tudo quanto precisamos para começarmos a contar mentiras ao mundo todo. Ora, ora. Nem é preciso tanto. Basta esperar um minutinho e continuar ligado na SIC. Como o sentido da reportagem, e do debate que se lhe seguiu, é que um dos principais “perigos da internet” é o vazio legal que permite a impunidade da calúnia, a SIC garante que António Baldino Caldeira, o autor do blogue Portugal Profundo, nunca chegou a ser julgado por ter posto em causa as credenciais académicas do primeiro-ministro que elegeu como um “alvo".
Se o jornalista tivesse feito o seu trabalho, e não andasse à procura de casos que confirmassem a sua tese a martelo, teria percebido que António Baldino Caldeira “nunca chegou a ser julgado” porque a procuradora do MP resolveu arquivar a acusação feita por José Sócrates, entendendo que não havia «indícios de crime» nos dois textos publicados por António Caldeira. É verdade que o jornalista apresenta a reportagem com um portátil na mão. Se calhar até é capaz de ter alguma razão...
De tanto acreditar que as eleições se ganham ao centro, José Sócrates esqueceu-se do eleitorado de esquerda do PS. É esse o problema que Sócrates hoje enfrenta. Ter rompido os laços históricos e simbólicos que ligavam uma parte importante do “povo de esquerda” ao Partido Socialista. Desprezado esse sector, na procura incessante por um centro politico que é cada vez mais o espaço da direita política, a maioria absoluta do PS parece uma miragem cada vez mais distante. As movimentações que se começam a sentir à sua esquerda, de que é sinal o “aviso” de Mário Soares ou a iniciativa que junta Alegre e o Bloco, são o sinal claro que é à sua esquerda que Sócrates vai perder a maioria absoluta.
O deputado do PSD, José Eduardo Martins, declarou hoje no Parlamento que o crescimento económico e a melhoria do nível de vida dos países que abandonaram os regimes comunistas é uma das razões que explica o aumento do preço combustíveis. O deputado estava a falar da China e da Índia, o que é estranho porque, da última vez que reparei, o Partido Comunista Chinês continuava a governar em sistema de partido único e a Índia nunca tinha conhecido um regime comunista.
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