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Zero de Conduta

Zero de Conduta

29
Fev08

Egoshow

Pedro Sales

Qualquer pessoa que apenas tenha acompanhado o debate quinzenal com o primeiro-ministro através do seu resumo televisivo, pode ser levado a pensar que não aconteceu mais nada para além da longa troca de arrufos entre Paulo Portas e José Sócrates sobre a origem dos calotes e a excelência da dentição. Um assunto que, como se percebe, preocupa sobremaneira os portugueses que se encontravam suspensos de tão elevada discussão, também conhecida como "o meu umbigo é melhor do que o teu".
29
Fev08

Parafraseando Menezes

Pedro Sales


“Parafraseando John Wayne sinto nesta altura que está quase toda a gente contra mim excepto o povo”. Aproveitando a até aqui desconhecida veia cinéfila de Menezes, revelada na inesquecível entrevista à Sic Notícias, o Zero de Conduta tomou a liberdade de recomendar algumas citações para o actual líder do PSD utilizar quando entender conveniente e que, em nosso entender, se ajustam ao seu perfil politico:

“Parafraseando Al Pacino, mantém os teus amigos por perto, mas os teus inimigos mais perto ainda". Godfather II.

Parafraseando Tom Hanks, “a minha mãe dizia sempre que a vida era como uma caixa de chocolates: nunca se sabe o que vai sair dela. Forrest Gump.

Parafraseando Cary Grant , No mundo da publicidade não existe a mentira. Existem apenas expedientes oportunos. North by Northwest.

Parafraseando Woody Allen, há uma velha piada, ah, duas mulheres idosas estão no Catskills Mountain Resort e uma delas diz "A comida aqui é realmente má". A outra responde-lhe: "Pois, eu sei, e as doses são tão pequenas". Bom, é isto que eu sinto acerca da vida. Annie Hall.
28
Fev08

O frete

Pedro Sales
Não deixa de ser engraçado ver todos aqueles que, num passado bem recente, propuseram o fim da contribuição estatal para a RTP defenderem agora o fim da publicidade no canal público. O argumento é sempre o mesmo. Se a RTP não presta nenhum serviço público e a sua programação não se distingue em nada da concorrência privada, então que se corte a torneira ao seu financiamento.Quem assim fala, como é evidente, nunca passou os olhos pela programação da SIC e TVI. Senão vejamos a variedade da oferta dos 3 canais, no horário nobre, para a próxima semana.

Depois dos noticiários, tudo o que a SIC e TVI nos têm para apresentar é o humor inqualificável dos Malucos do Riso e Batanetes e 3 horas diárias de telenovelas. Entre a meia-noite e a uma da manhã lá começam as séries ou os filmes. A RTP, por seu lado, apresenta-nos um concurso diário, filmes às 23 horas, programas de debate como o Prós e Contras, Bastidores do Poder e o de Maria Elisa, e os comentários de Marcelo ou António Vitorino. Pelo meio ainda têm a série de reconstituição histórica, Conta-me como Foi e várias séries de produção nacional, como a que passou no centenário do Regicidio.

A RTP podia ser melhor? Claro. É igual aos privados. Não, claro que não. Se querem acabar com a televisão pública, ou reduzi-la a um papel residual como a PBS norte-americana, que o digam. Tudo o resto, não parece passar do preconceito do costume contra tudo o que é público e a frete aos canais privados.  
27
Fev08

Governar pelo (mau) exemplo

Pedro Sales

A CP vai encerrar os 3 infantários que disponibiliza para os filhos dos seus funcionários. Diz a empresa que pretende, com esta medida, promover a “justiça social”, uma vez que as famílias das 97 crianças nestas creches são injustamente beneficiadas face aos 720 funcionários que não têm os filhos nos infantários da CP. Assim, em vez de construir mais creches, corta-se com os “privilégios” pela raiz. (a carta enviada pela CP pode ser consultada aqui).

Talvez valha a pena recordar que a CP é uma empresa pública, tutelada por um Governo que passa a vida a anunciar medidas para promover o aumento da taxa de natalidade, entre elas a construção de infantários. Foi esse, aliás, o tema escolhido por José Sócrates na sua mais recente deslocação ao Parlamento, onde anunciou 100 milhões de euros para a construção de novas creches. No Orçamento de Estado, uma das medidas mais promovidas pelo PS foi um plano de incentivos fiscais para as empresas privadas que construam infantários para os filhos dos seus funcionários. Mas isso é a propaganda. Depois, quando as câmaras das televisões se desligam, as empresas tuteladas pelo executivo enviam cartas para os seus funcionários a dizer que vão fechar as creches onde andam os seus filhos, chamando-lhes ainda a atenção para a “desigualdade” social que esses infantários representavam.
26
Fev08

Perguntar não ofende

Pedro Sales

Tendo por base as escutas telefónicas do processo Portucale, o Expresso publicou ao longo das últimas 4 semanas uma investigação jornalística sobre a forma como a Lei do Jogo foi alterada para, tudo o indica, beneficiar retroactivamente a Estoril-Sol. Um mês depois da primeira notícia, o Ministério Publicou anunciou a instauração de um inquérito ao processo do Casino.

Desculpem lá a ingenuidade, mas se a investigação do Expresso só foi possível com base em material de prova que esteve sempre na posse do Ministério Público, porque é que foi preciso o caso ganhar a dimensão mediática e politica que conheceu para que este, através da acção directa do PGR, mandasse instaurar um inquérito? Só se investiga o que está na capa dos jornais e já não dá para esconder para baixo do tapete, ou é mais um inquérito para sossegar os espíritos e deixar tudo na mesma?
25
Fev08

Lógica da batata

Pedro Sales

Realizou-se na semana passada o VI Congresso Nacional do Milho, ficando acordado no encontro a produção de mais 200 mil toneladas deste cereal para garantir a quota nacional de 10% de agrocombustíveis até 2010. Segundo o presidente da associação promotora do encontro, Luís Vasconcelos e Sousa, a crescente utilização do milho e sorgo na produção de agrocombustíveis “nunca irá pôr em causa a produção destes cereais para fins alimentares”. Tudo bem, não fosse o problema que se coloca não ser a escassez de cereais mas o seu preço. O pão aumentou 30% este ano, e é provável que ainda aumente mais 15%. O leite vai pelos 15%, enquanto a maioria dos bens alimentares se fica pelos 5 a 10%.

Portugal não é um caso isolado. A pressão inflacionista nos bens alimentares é mundial e tem o dedo nada escondido da corrida ao “petróleo verde” - cujos efeitos nefastos estão longe de se ficar pela carteira. Curiosamente, enquanto o ministro da Agricultura diz estar “preocupado” com aumento dos bens alimentares, o Governo garante generosos milhões de euros em benefícios fiscais para desviar terrenos agrícolas para produzir combustíveis que vão tornar a comida ainda mais cara. Pagamos duas vezes. Nos subsídios e no supermercado. O Governo parece encontrar alguma lógica nisto. Por mim, só encontro a da batata.

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