Há dois anos atrás, quando o Benfica eliminou o Manchester United na Liga dos Campeões, eu estava no Estádio da Luz . No fim desse jogo, pode-se imaginar, o contentamento era mais do que muito. E, como de costume, nestas alturas cometem-se excessos. É todavia raro que os excessos sejam tão alarves quanto o daquele dia: findos os 90', sentado atrás de mim, um sócio comenta para embaraço de todo o sector: "o Assis fez um jogo que mais parecia o Maradona".
Quem gosta de futebol sabe bem que os anúncios sobre a assunção de um novo Maradona foram quase sempre precipitados. A única ressureição maradoniana foi protagonizada pelo próprio, quando, há poucos anos atrás, conseguiu sair com vida da clínica onde estava internado.
Existe ainda assim uma diferença significativa entre os diversos anúncios de novos Maradonas. Seguramente que não é a mesma coisa dizer-se que Ariel Ortega ou Pablo Aimar são um novo Maradona e dizer-se que o Nuno Assis - um profissional muito respeitável, é certo e convém não esquecer - parece o Maradona. Aliás, eu duvidava até hoje que fosse possível o fetichismo maradoniano bater tão ou mais fundo do que naquela noite de Dezembro (?) de 2005.
Vejo, no entanto, que há quem nunca tenha chegado aos calcanhares de um Nuno Assis e já procure trepar a fama de Maradona. Lamento dizê-lo, e lamento porque eu também espero pelo dia em que um novo Maradona regresse aos relvados, mas a causa deveria ser modificada:
onde está Maradona, leia-se Assis, Nuno Assis.