O pior de se perder as malas em viagem não está tanto em perdê-las, mas em conseguir recuperá-las. Em menos de 4 meses, é a terceira vez que me perdem as malas -- e nenhuma delas foi com a TAAG. A primeira mala desviada andou a passear por Detroit durante uma semana, cortesia da British Airways. As duas últimas, num espaço de semanas, foram com a US Airways, com sede em Filadélfia (e junto com Newark, a única cidade americana com ligação directa a Lisboa).
De todas as companhias, a US Airways desafia a compreensão. Já perdeu a bagagem de
tropas americanas a caminho do Iraque (porventura concessionada pela Halliburton), ou os
patins da patinadora olímpica Sasha Cohen (13 Março 2007). Ao pé deles, a notícia sobre a US Airways da Onion ("
Confusão nas bagagens leva bomba suja para St Louis") parece quase inocente.
Mas a dificuldade em recuperar as malas diz muito do desconforto destas economias volantes (pois, o petroleo, mas tambem um regime de seguranca que vai tornar impossivel o transporte de certa carga por aviao). E porque menos compensações terão que largar quanto menos tiverem que ouvir clientes sem malas, as companhias aéreas decidiram acabar com todas as linhas telefónicas de atendimento ao público da bagagem perdida. Nem um call centerzito na Índia, nada. Um papagaio electrónico que repete o que já está na internet é o melhor que se arranja.
Para conseguir recuperar as malas, o importante, já percebi, é conseguir falar com alguém, passar das máquinas para uma voz que finja compreender o meu apelido. Cada um terá as suas técnicas. Aqui há uns tempos, apanhei o numero de telemovel do tipo que entregava malas reencontradas num bairro de Chicago e parti daí na busca de alguém com quem falar. Desta vez, parti pela linha de reservas internacionais (curiosamente com atendimento americano, ao contrário das chamadas para reservas domésticas, que vão parar a call center no estrangeiro). Para a próxima já sei que existe
Get Human, uma espécie de dicionário lonely planet para a matrix.
E assim vai bem, o processo de recuperação. Hoje consegui falar com a Karen e a Felicia. Não me deram o seu numero de telefone, "for security reasons". Mas consegui saber que uma das malas foi encontrada. E horas mais tarde, parece que duas já vêm a caminho. Foram só 4 dias de t-shirts do Walgreens.