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Zero de Conduta

Zero de Conduta

30
Jun07

Estilos...

Pedro Sales
Quando era ministro da Administração Interna do primeiro governo de António Guterres, Alberto Costa deu uma entrevista onde disse que “esta não é a minha polícia”. Foi o seu fim político nesse governo, sendo remodelado pouco tempo depois.

Correia de Campos, ministro da Saúde do governo de José Sócrates, dá uma entrevista onde diz: ”nunca vou a um SAP, nem nunca irei! Não têm condições de qualidade”. Continua na Governo, a exonerar e perseguir politicamente todos os que se lembram de recordar a célebre entrevista.
30
Jun07

Um governo sem sentido de humor

Pedro Sales
Sejamos claros. Os únicos comentários "jocosos", neste lamentável episódio da exoneração da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, foram todos feitos pela mesma pessoa. O ministro Correia de Campos, na polémica entrevista que está na origem de mais um caso de perseguição política na administração pública.

Senão, o que dizer do bom senso do ministro quando este diz que, ao primeiro problema de saúde que tiver de noite, vai às urgências de um hospital: ”Nunca vou a um Serviço de Atendimento Permanente, nem nunca irei!” Porquê? “Porque não têm condições de qualidade. Têm um médico e um enfermeiro e conferem uma falsa sensação de segurança”.

Não é preciso ser muito esperto para perceber que, num país em que a cultura enraizada leva cada pessoa com uma dor de cabeça às urgências, as palavras do ministro são um disparate técnico, um desastre comunicacional e um rombo na confiança que os portugueses devem colocar na qualidade dos centros de saúde. A não ser, claro, que o objectivo da entrevista fosse mesmo esse. Criar as condições para a extinção destes serviços e, com isso, poupar mais uns milhões de euros à custa do acesso de milhares de portugueses aos cuidados de saúde.

Que o ministro considere “jocosas”, e atentatórias da sua dignidade, a reprodução das suas afirmações num centro de saúde diz bem do ponto a que chegámos. Como os desígnios de Deus, também as palavras dos senhores ministros socialistas são imperscrutáveis e a sua douta interpretação só compete aos iluminados. Os detentores de um cartãozinho rosa, claro.

Não nos deixemos enganar. Podem ter sido uns jotinhas que denunciaram o caso, pode até ter sido a ARS/Norte a mexer os cordelinhos para que a senhora fosse demitida, mas quem assinou o despacho a exonerar uma funcionária pública porque esta se recusou a comportar como uma comissária política foi Correia de Campos. O mesmo Correia de Campos que foi surpreendentemente lesto a nomear para o lugar vago um vereador socialista e a vir a público, em conferência de imprensa, garantir a normalidade de toda esta trapalhada.

Tudo, nesta história, começa e acaba em Correia de Campos. Desta vez não é uma qualquer obscura directora-geral, com fama de sectarismo politico, quem está no centro das atenções. É um ministro. Não nos venham, portanto, tentar vender a ideia de que o caso Charrua foi um caso isolado. Não, a nova Margarida Moreira senta-se todas as quintas-feiras no Conselho de Ministros.
30
Jun07

Madrinha: A história de uma conversão

Vasco Carvalho
Há uns tempos o Sales notou a estranha convergência de opiniões entre Fernando Madrinha e Telmo Correia quanto à recriminilização de cannabis (ver aqui).

Hoje chegou à nossa redacção um vídeo que demonstra que isto é mais do que uma coincidência e que a história entre os dois é mais complexa. Apesar da má qualidade das imagens decidimos, tendo em conta o interesse público, publicar esta informação.

29
Jun07

Infoexcluídos

Pedro Sales
A polícia britânica detectou e desactivou um carro armadilhado em Haymarket, Londres. Depois disso, já foram encerradas mais duas ruas devido à presença de carros suspeitos de transportarem explosivos colocados pela Al-Quaeda.

Para além de assassinos são estúpidos, estes tipos que teimam em seguir um gajo que ninguém sabe onde é que mete os pés. Devem ser as únicas pessoas em todo o planeta que ainda não perceberam que hoje é um péssimo dia para ataques terroristas em série. Ninguém está para aí virado, Ben Laden. Hoje é o iDay. O iPhone, percebeste? Depois de 23 milhões de artigos na imprensa, o telefone mais famoso desde que Bell usou um aparelho esquisito para chamar o seu assistente, está hoje à venda. Infoexcluídos, estes barbudos não percebem nada de teorias da comunicação.
28
Jun07

Por este andar, qualquer dia nem se pode fazer piadas sobre o motorista do Sócrates

Pedro Sales
Directora de Centro de Saúde demitida por não retirar cartaz "jocoso" sobre Correia de Campos.

Actualização: O assunto é bem mais grave do que parece. No mesmo dia em que a directora foi exonerada, o Governo nomeou para o mesmo cargo o vereador do Partido Socialista na Câmara Municipal de Ponte da Barca, Ricardo Armada. Como se já não fosse suficiente a censura e perseguição por delito de opinião, como aconteceu na DREN, tudo aponta para que a demissão seja mais um lamentável exemplo de "jobs for the boys". O despacho do Diário da República pode ser consultado aqui.
28
Jun07

Foi você que votou neste senhor?

Pedro Sales
De seis em seis meses, já sabemos que vamos ter que gramar com as lições de governação do Compromisso Portugal. Calhou ser hoje. Desdobrando-se em entrevistas e declarações a toda imprensa, lá aparece o inevitável Carrapatoso, armado em Marcelo, a dar notas ao Governo e a explicar-nos - como se fôssemos muitos burros - do que é que o país precisa.

“As reformas mais difíceis não foram feitas”, ameaça o porta voz deste "grupo de cidadãos". Quais são? Liberalização dos despedimentos, o Estado pagar a inscrição nas escolas privadas, continuar o caminho na diminuição das reformas e aumento da idade de aposentação.

Para quem ainda tinha dúvidas sobre a bondade da flexisegurança, versão Sócrates, recomendo vivamente a entrevista à Visão deste cavaleiro andante do neoliberalismo luso. ”Não se trata de liberalizar o despedimento. É preciso criar flexibilidade na rescisão com o empregador, mas, em dadas circunstâncias, têm que existir programas de coesão social e de protecção do individuo e da sua família”.

O discurso é igual ao de Sócrates, ponto por ponto. Não é de estranhar. Afinal, foi apenas ontem que um ministro do governo socialista apresentou aos parceiros sociais um pacote negocial para facilitar os despedimentos, a diminuição das férias e do valor do seu subsídio, o fim do limite do horário de trabalho diário, a possibilidade de baixar os salários, novos tipos de contrato precário. Uma vergonhosa adulteração do compromisso eleitoral que o partido socialista assumiu com os portugueses há pouco mais de dois anos.

Compreende-se, por isso, o esforço sobre-humano de Carrapatoso na imprensa. Arvorado em provedor dos cidadãos que nunca lhe deram procuração para o efeito, as ideias deste “grupo de cidadãos” têm feito o seu rápido caminho no Largo do Rato. Se tem propostas para governar o país tem boa solução. Candidate-se e leve o seu programa a votos.

Só que isso, e Carrapatoso é o primeiro a sabê-lo, é tudo o que os nossos liberais não podem fazer. Num país como o nosso, tinha o insucesso como destino certo. Assim é muito mais fácil. Usam a força da sua máquina económica, e um acesso privilegiado à imprensa, para subverter, nos bastidores, o sentido do voto popular. Que o Partido Socialista alinhe no jogo, pondo o seu programa eleitoral na gaveta, diz-nos muito sobre o perfil do "nosso" engenheiro.
28
Jun07

Louisiana em chamas

Pedro Sales
Com calor e sem sítio para se esconder do sol, um jovem estudante negro de uma escola de Jena - pequena terra do Louisiana, nos EUA -, pediu ao director para se abrigar debaixo de uma árvore “reservada para brancos”. O responsável disse que não se importava com o sítio onde os estudantes se sentavam. Não se importava ele, mas o mesmo não pensaram os habitantes da terra. No dia seguinte, quando chegaram à escola, os alunos depararam com uma imagem que há muito se julgava perdida nos confins da história: 3 cordas estavam dependuradas da árvore.

Foi o bastante para agudizar a conflitualidade racial, sentimento reforçado quando os responsáveis pela “brincadeira” de mau gosto não foram alvo de qualquer medida disciplinar. Quatro meses depois, a 4 de Dezembro, um pequeno grupo de estudantes negros agrediu um jovem branco, que ficou com algumas nódoas negras e contusões. Começou ontem o seu julgamento, com as autoridades locais a pedirem 50 anos de prisão por um incidente que não o impediu de ir às aulas no próprio dia. A acusação, pasme-se, tentativa de homicídio em segundo grau. A fiança, inalcançável para as posses de qualquer família negra de uma localidade perdida do mundo, 138000 dólares. Numa terra onde isso ainda faz toda a diferença, só há jurados brancos e os familiares dos acusados não acreditam num julgamento justo. Ninguém os pode levar a mal, são anos e anos a verem uma árvore à distância que ainda marca o racismo da América profunda.

Hoje, continua este julgamento que deveria envergonhar qualquer pessoa com um pingo de decência. Quem está no banco dos réus não são os jovens que deram uns tabefes num colega de escola. São os habitantes de Jena, e o seu estúpido preconceito, e o sistema judicial norte-americano que ainda parece refém de um racismo que se julgava enterrado com as memórias do KKK.

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