Os jogos da (falta de) vergonha II
A sala de imprensa dos Jogos Olímpicos. É aqui que parecem começar e acabar as preocupações do Comité Olímpico Internacional com os limites à liberdade de expressão na China. Fora isso não se passa nada. Não quero menorizar a importância das condições de trabalho dos correspondentes estrangeiros que se encontram em Pequim, mas talvez tivesse tido sentido tamanha preocupação e desvelo há uns anos atrás. Em 2001, mais concretamente, quando o mesmo COI não se importou em atribuir a organização dos J.O. a uma ditadura que não reconhece o direito de associação politica, liberdade sindical, religiosa, de expressão e liberdade de imprensa para todos os jornalistas que não estão a fazer a cobertura dos Jogos. Para que o evento desportivo mais caro de sempre pudesse ter lugar, milhares de pessoas viram os seus bairros arrasado e foram deslocadas para onde o Partido Comunista bem entendeu. Isso nunca preocupou o COI, que consentiu alegremente em ver a gerontocracia chinesa usar os Jogos Olímpicos como uma grandiosa máquina de propaganda do regime, mas agora faz de virgem ofendida porque o site da BBC e da Amnistia estiveram bloqueados na sala de imprensa. É mesmo não ter o sentido das proporções. Melhor, só ter sentido para a proporção dos negócios num novo e gigantesco mercado.
Vale a pena ler: We love Beijing, de Rui Bebiano.