16
Fev08
Aborto ano um
Pedro Sales
Na imprensa e blogosfera, o aniversário do referendo pela despenalização do aborto foi recebido com um coro de vozes a tentar ajustar contas com uma lei que, dizem, não está a ter resultados. Pouco interessa que a regulamentação esteja em vigor há meia dúzia de meses e que seja prematuro avaliar o seu impacto. Num país pródigo em milhares de leis, portarias e diplomas regulamentares a que ninguém liga pevide, os suspeitos do costume acordaram indignados porque, através do trágico caso de uma adolescente que abortou muito para além do prazo legal, descobriram que a lei não funciona. Daí até acusarem os defensores do SIM de mentira e de conivência com o aborto clandestino foi um passo.
Vamos lá a ver se nos entendemos. A despenalização não põe fim a todos os abortos clandestinos, e nunca ninguém disse isso, mas torna-os a excepção residual. A lei que tínhamos tornava-os a regra. A diferença é simples e até já tem números. Em seis meses, 6000 mulheres interromperam a gravidez em condições de higiene e saúde pública, evitando um sem número de situações não muito diferente da que aconteceu na Torredeita. Têm a certeza que querem regrassar ao passado?
PS: Ainda estou para perceber o que é mais lamentável. Se a conferência de imprensa convocada pelo director da escola profissional onde uma jovem aluna abortou fora do prazo, e para a qual convidou as colegas para relatarem minuciosamente o que sucedeu, se os jornalistas que não encontraram nenhuma questão ética e deontológica em expor assim uma pessoa para todo o país, num julgamento mediático que em nada dignifica a sua profissão.
Vamos lá a ver se nos entendemos. A despenalização não põe fim a todos os abortos clandestinos, e nunca ninguém disse isso, mas torna-os a excepção residual. A lei que tínhamos tornava-os a regra. A diferença é simples e até já tem números. Em seis meses, 6000 mulheres interromperam a gravidez em condições de higiene e saúde pública, evitando um sem número de situações não muito diferente da que aconteceu na Torredeita. Têm a certeza que querem regrassar ao passado?
PS: Ainda estou para perceber o que é mais lamentável. Se a conferência de imprensa convocada pelo director da escola profissional onde uma jovem aluna abortou fora do prazo, e para a qual convidou as colegas para relatarem minuciosamente o que sucedeu, se os jornalistas que não encontraram nenhuma questão ética e deontológica em expor assim uma pessoa para todo o país, num julgamento mediático que em nada dignifica a sua profissão.