Ainda a tanga do turismo olímpico
Não sei como é que o campeões de sofá ainda não repararam, mas o turismo olímpico não começou em Pequim. Há quatro anos, em Atenas, um desses atletas sem "brio", "honra" e "ética" fez o quarto pior resultado na sua modalidade. Mais um fraco “que não aguentou a pressão” e que se divertiu à custa dos nossos impostos, tendo mesmo conseguido a proeza de terminar a sua participação com um resultado inferior ao que fazia quando ainda era júnior. O seu nome? Nélson Évora.
É um exemplo limite, mas que permite perceber a estupidez de usar o exemplo de atletas na sua maioria amadores, e que correm perante 200 pessoas no Estádio Universitário, para fazer umas graçolas com pretensão a leitura psicanalítica sobre a incapacidade lusitana para vencer e da ausência de uma mentalidade vencedora como fado lusitano.
As cíclicas depressões nacionais têm destas coisas. Exigem cada vez menos matéria para a sua combustão. Nem que se trate de crucificar atletas que fizeram os exigentes mínimos olímpicos e que, mesmo treinando a desoras e normalmente depois do trabalho ou faculdade, estão entre os melhores do mundo. Não ganharam 23 medalhas, é verdade, mas desde quando é que isso era suposto acontecer? E a Irlanda, Suécia, Grécia ou Bélgica, que ainda não levaram nenhuma medalha de ouro, e que estão a ter uma participação inferior à portuguesa? Também serão uns indolentes sem capacidade de vencer? Condenados à mediocridade porque não se conseguem superar nos momentos decisivos?
Verdade, verdadinha é que confrangedora ignorância da maioria da opinião publicada e da imprensa que percebe tanto de desporto como eu de física quântica, se está nas tintas para os atletas, interessando-lhes apenas mais um motivo para fazer umas tiradas sonoras sobre a pequenez da "alma lusitana" e do nosso triste destino. Os olímpicos de Pequim são apenas um pretexto para exultar com a humilhação dos “derrotados”. Que, pelo caminho, estejamos a criar as condições para perder uma dúzia de excelentes atletas que, como o Gustavo Lima, não está para aturar estas merdas, está longe de lhes merecer um pingo de atenção.