21
Mar08
Ignorância e preconceito
Pedro Sales
O Estado desconfia dos privados, abomina o lucro, prefere a ineficiência “igualitária” à eficiência que pode fazer a diferença. E por isso não se importa de enviar um exercito de fiscais administrativos para garantir que um operador privado não ganhará um cêntimo a mais, mesmo quando esse operador está a prestar melhor serviço às populações. José Manuel Fernandes, Público, 20 Março 2008
Se é certo que os suspeitos do costume não se cansam de lamentar o fim da gestão privada do Amadora-Sintra, o editorial de ontem de José Manuel Fernandes é merecedor de atenção especial. Em primeiro lugar porque é extraordinário perceber como é que se consegue escrever um texto com mais de 4 mil caracteres sem apresentar nenhuma fundamentação para os seus argumento, para além do nível zero da argumentação que é dizer que estamos perante uma medida “estalinista”. Quanto ao resto, o director do Público limita-se a recorrer ao já habitual chorrilho de preconceitos sobre a gestão pública e as vantagens da privada.
José Manuel Fernandes fala de eficiência da gestão, o que é estranho num hospital em que as contas estão por validar desde 2002. Diz JMF que são cêntimos, com uma estranha bonomia quando se constata que, só em 2002, o diferendo entre o Estado e o grupo Mello ascende a 18,5 milhões de euros. Não deixam de ser cêntimos, é verdade, mas são centenas e centenas de milhões deles. Quando ao exército de burocratas, talvez valha a pena lembrar que, a existirem, é para tentar evitar situações como as detectadas pelo Tribunal de Contas - quando este organismo declarou que, entre 1995 e 2001, o Estado efectuou pagamentos indevidos no valor de 70 milhões de euros ao Grupo Mello. De resto, e sendo bastante discutível a asserção sobre o melhor serviço prestado às populações pelo único hospital que não está inscrito no programa de recuperação das listas de espera cirúrgicas, não deixa de ser comovente ver JMF defender a qualidade do serviço público, independentemente dos seus custos. Um regresso ao passado, ou o resultado de escrever apenas com base nos preconceitos ideológicos?
Se é certo que os suspeitos do costume não se cansam de lamentar o fim da gestão privada do Amadora-Sintra, o editorial de ontem de José Manuel Fernandes é merecedor de atenção especial. Em primeiro lugar porque é extraordinário perceber como é que se consegue escrever um texto com mais de 4 mil caracteres sem apresentar nenhuma fundamentação para os seus argumento, para além do nível zero da argumentação que é dizer que estamos perante uma medida “estalinista”. Quanto ao resto, o director do Público limita-se a recorrer ao já habitual chorrilho de preconceitos sobre a gestão pública e as vantagens da privada.
José Manuel Fernandes fala de eficiência da gestão, o que é estranho num hospital em que as contas estão por validar desde 2002. Diz JMF que são cêntimos, com uma estranha bonomia quando se constata que, só em 2002, o diferendo entre o Estado e o grupo Mello ascende a 18,5 milhões de euros. Não deixam de ser cêntimos, é verdade, mas são centenas e centenas de milhões deles. Quando ao exército de burocratas, talvez valha a pena lembrar que, a existirem, é para tentar evitar situações como as detectadas pelo Tribunal de Contas - quando este organismo declarou que, entre 1995 e 2001, o Estado efectuou pagamentos indevidos no valor de 70 milhões de euros ao Grupo Mello. De resto, e sendo bastante discutível a asserção sobre o melhor serviço prestado às populações pelo único hospital que não está inscrito no programa de recuperação das listas de espera cirúrgicas, não deixa de ser comovente ver JMF defender a qualidade do serviço público, independentemente dos seus custos. Um regresso ao passado, ou o resultado de escrever apenas com base nos preconceitos ideológicos?