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Zero de Conduta

Zero de Conduta

30
Nov07

a causa devia ser modificada

José Neves
Há dois anos atrás, quando o Benfica eliminou o Manchester United na Liga dos Campeões, eu estava no Estádio da Luz . No fim desse jogo, pode-se imaginar, o contentamento era mais do que muito. E, como de costume, nestas alturas cometem-se excessos. É todavia raro que os excessos sejam tão alarves quanto o daquele dia: findos os 90', sentado atrás de mim, um sócio comenta para embaraço de todo o sector: "o Assis fez um jogo que mais parecia o Maradona".
Quem gosta de futebol sabe bem que os anúncios sobre a assunção de um novo Maradona foram quase sempre precipitados. A única ressureição maradoniana foi protagonizada pelo próprio, quando, há poucos anos atrás, conseguiu sair com vida da clínica onde estava internado.
Existe ainda assim uma diferença significativa entre os diversos anúncios de novos Maradonas. Seguramente que não é a mesma coisa dizer-se que Ariel Ortega ou Pablo Aimar são um novo Maradona e dizer-se que o Nuno Assis - um profissional muito respeitável, é certo e convém não esquecer - parece o Maradona. Aliás, eu duvidava até hoje que fosse possível o fetichismo maradoniano bater tão ou mais fundo do que naquela noite de Dezembro (?) de 2005.
Vejo, no entanto, que há quem nunca tenha chegado aos calcanhares de um Nuno Assis e já procure trepar a fama de Maradona. Lamento dizê-lo, e lamento porque eu também espero pelo dia em que um novo Maradona regresse aos relvados, mas a causa deveria ser modificada: onde está Maradona, leia-se Assis, Nuno Assis.
29
Nov07

Relativismo liberal

Pedro Sales
Para a direita o Estado não é uma pessoa de bem quando não paga a tempo e horas aos seus fornecedores, mais a mais porque estas dívidas põem em causa a viabilidade de muitas pequenas e médias empresas. É verdade. Dão tanta importância ao assunto que o PP entregou esta semana uma petição no Parlamento a exigir a publicação na net destas dívidas. Agora, quando o PSD se prepara para bloquear a câmara de Lisboa ameaçando inviabilizar um empréstimo de 360 milhões de euros para pagar as dívidas aos fornecedores que este mesmo partido deixou, os blogues liberais uniram-se para apoiar o PSD e criticar a gestão da autarquia. “O socialismo é caro”, dizem, numa aparente crítica a Santana e Carmona que deixaram as contas neste bonito estado.

Agora já não lhes interessa a viabilidade das pequenas empresas, nem o bom nome da autarquia. Menos ainda querem saber da boa gestão dos dinheiros públicos, passando à frente do “pormenor” da câmara estar a pagar 11% de juros de mora aos fornecedores e do empréstimo, que tanto criticam, ter uma taxa abaixo dos 5%. “Ainda não é desta”, diz o JCD, lamentando-se que não esteja a ser seguida a única receita que os liberais conhecem: “diminuir o quadro de pessoal da câmara, cortar subsídios”. Fica, por saber, claro, como é que isso resolvia os 360 milhões de dívida de curto prazo a fornecedores que ameaçam cortar as relações com a autarquia deixando a capital ingovernável. A realidade nunca assumiu uma grande prioridade nas suas preocupações. É esse o problema dos “nossos” liberais. Têm umas ideias engraçadas para manter uns blogues catitas e escrever umas coisas na imprensa. Mas é inapresentável nas urnas. Valha-nos isso.
29
Nov07

É preciso topete

Pedro Sales
O mesmo partido que deixou uma dívida de 360 milhões de euros na câmara de Lisboa, depois de seis anos de desvario absoluto a que condenou a gestão da cidade, achou por bem votar contra o empréstimo para saldar as dívidas aos fornecedores que ameaçam fechar a torneira e deixar a capital ingovernável. O PSD foi a única força que votou contra o empréstimo, que tinha sido um dos principais temas da campanha, dando bem conta da irresponsabilidade que continua a tomar conta deste partido.
28
Nov07

Não é bem-vindo, mas ainda bem que vem

Pedro Sales
Robert Mugabe vem a Portugal e Gordon Brown não vai estar presente. Ainda bem. A birra inglesa era inaceitável. Goste-se ou não do regime de Mugabe, a cimeira Europa-Africa é um encontro que ocorre entre duas organizações internacionais. Se a União Europeia convidou a União Africana é porque reconhece a sua legitimidade, não lhe competindo decidir quem é que esta pode ou não fazer representar em seu nome. A pretensão britânica é uma óbvia, e ainda por cima selectiva, ingerência nos assuntos internos de um outro país e instituição internacional.

Por muito que não se goste do regime de Mugabe, e existirão boas razões para isso, não é assim tão distinto de tantos outros que estão no poder no continente africano e que vêm a Lisboa sem que isso levante qualquer tipo de celeuma. As razões de Gordon Brown não têm nada a ver com os direitos humanos. Se assim fosse, teria dito que não se reuniria com a miríade de ditadores que vão estar em Lisboa, o que não fez. Se assim fosse não se encontraria, como aconteceu há menos de um mês, com um representante da teocracia saudita que, ainda esta semana, mostrou o que valem os direitos humanos no reino com a condenação a 200 chibatadas de uma mulher, porque teve “relações impuras” com os sete homens que a violaram. O problema de Brown não são os direitos humanos. Mugabe é o pretexto para fugir aos crescentes problemas do seu governo, desviando as atenção para a causa popular e simpática entre muros da defesa dos grandes proprietários britânicos em risco com as expropriações levadas a cabo por Mugabe.

Luís Amado também está longe de ficar bem no retrato. Não se convida um líder de um país para estar presente numa reunião internacional para depois dizer que “era preferível que não estivesse”. Ainda por cima a fazer passar o recado pela imprensa. Não chega a ser troca tintas. É mesmo a proverbial falta de coluna vertebral da nossa “política externa”. Amado, e o governo português, talvez não tenha percebido a figura ridícula que está a fazer em toda esta história. Pelas “razões do costume”, como uma vez explicou o próprio ministro a propósito da visita a Portugal do Dalai Lama.

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