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Zero de Conduta

Zero de Conduta

31
Jul07

Diários de Bagdade

Vasco Carvalho
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Bagdade chega-nos todos os dias, em segmentos editados, censurados e enviesados. O Iraque da televisão é um imenso jogo de guerra, um camuflado de chefias militares americanas entrecortado por caciques que nos falam em Inglês ou em Àrabe.
Lá muito ao longe, entre a poeira das bombas e dos humvees distinguem-se sombras, gente que chora e que sobrevive no caos. Ahmed Abdullah é, por enquanto, um desses sobreviventes. Era escultor em Bagdade. Agora mantém um diário audio.
31
Jul07

Render da guarda

Pedro Sales
Ao fim de 38 anos, o exército britânico termina hoje, à meia-noite, a maior operação militar ininterrupta da sua história. O actual contingente, 5600 soldados, permanecerá na Irlanda do Norte mas passará a responsabilidade pela segurança para as autoridades policiais. Os últimos 10 anos foram marcado por avanços e recuos nas conversações de paz entretanto iniciadas, mas, aqui chegados, é justo realçar dois nomes: Tony Blair e Gerry Adams. O primeiro porque, se não se tivesse envolvido até ao pescoço na mentira da guerra do Iraque e rebaixado ao papel de papagaio europeu de Bush, seria este o seu legado para a história. Gerry Adams porque cedo percebeu que a resolução do conflito teria que ser política e, principalmente, porque disso conseguiu convencer o IRA. O dia de hoje não acaba com as razões do conflito, mas marca um virar de página indispensável para que a política, e apenas ela, continue o seu trabalho.


Um bom pretexto para ver, ou rever, Sunday Bloody Sunday, um filme de 2002, que ganhou os Urso de Prata em Berlim e o prémio do público em Sundance. Filmado como um documentário, segue as últimas horas que antecederam a carnificina que empresta o título ao filme. Comprometido politicamente, o filme não tem a pretensão de ser neutro mas foge aos clichés habituais nos “filmes políticos”. Os seus personagens têm dimensão psicológica, principalmente o líder nacionalista e pacifista que lidera o protesto, Ivan Cooper. As suas hesitações e angústias mostram como o mundo não é a preto e branco, mesmo quando a policia dispara sobre manifestantes pacíficos.

Cronologia do conflito, no Guardian.
31
Jul07

US Airways no espaço aéreo europeu, não à pala da minha mala

Filipe Calvão

O pior de se perder as malas em viagem não está tanto em perdê-las, mas em conseguir recuperá-las. Em menos de 4 meses, é a terceira vez que me perdem as malas -- e nenhuma delas foi com a TAAG. A primeira mala desviada andou a passear por Detroit durante uma semana, cortesia da British Airways. As duas últimas, num espaço de semanas, foram com a US Airways, com sede em Filadélfia (e junto com Newark, a única cidade americana com ligação directa a Lisboa).

De todas as companhias, a US Airways desafia a compreensão. Já perdeu a bagagem de tropas americanas a caminho do Iraque (porventura concessionada pela Halliburton), ou os patins da patinadora olímpica Sasha Cohen (13 Março 2007). Ao pé deles, a notícia sobre a US Airways da Onion ("Confusão nas bagagens leva bomba suja para St Louis") parece quase inocente.

Mas a dificuldade em recuperar as malas diz muito do desconforto destas economias volantes (pois, o petroleo, mas tambem um regime de seguranca que vai tornar impossivel o transporte de certa carga por aviao). E porque menos compensações terão que largar quanto menos tiverem que ouvir clientes sem malas, as companhias aéreas decidiram acabar com todas as linhas telefónicas de atendimento ao público da bagagem perdida. Nem um call centerzito na Índia, nada. Um papagaio electrónico que repete o que já está na internet é o melhor que se arranja.

Para conseguir recuperar as malas, o importante, já percebi, é conseguir falar com alguém, passar das máquinas para uma voz que finja compreender o meu apelido. Cada um terá as suas técnicas. Aqui há uns tempos, apanhei o numero de telemovel do tipo que entregava malas reencontradas num bairro de Chicago e parti daí na busca de alguém com quem falar. Desta vez, parti pela linha de reservas internacionais (curiosamente com atendimento americano, ao contrário das chamadas para reservas domésticas, que vão parar a call center no estrangeiro). Para a próxima já sei que existe Get Human, uma espécie de dicionário lonely planet para a matrix.

E assim vai bem, o processo de recuperação. Hoje consegui falar com a Karen e a Felicia. Não me deram o seu numero de telefone, "for security reasons". Mas consegui saber que uma das malas foi encontrada. E horas mais tarde, parece que duas já vêm a caminho. Foram só 4 dias de t-shirts do Walgreens.

31
Jul07

Cada um tem o "grande líder" que merece

Pedro Sales
Marques Mendes foi à Madeira tentar garantir a sua continuidade à frente do PSD. Apesar dos relatos indicarem que não bebeu na festa do Chão da Lagoa, passou decididamente a fronteira do mau gosto nos encómios ao Rei Momo da Madeira. Chamar a Jardim “o nosso grande líder”, ou dizer que lhe “faltava esta [festa] no currículo”, pode dar muitos votos no populismo desbragado que vão ser as directas laranja, mas compromete, seriamente, a sua legitimidade política como líder do maior partido da oposição.

Mas engraçado, engraçado foi ver como alguns do que justificaram o apoio do lidero do PSD à chantagem de Jardim com a lei do aborto na Madeira, agora tão chocados com os excessos linguísticos de Marques Mendes. Com mais ou menos cervejas e decibéis representam ambas a mesma realidade: o PSD está nas mãos de Jardim, que tem um terço dos votos do Congresso. Assim, na televisão, com o povo aos pulos e Jardim de copo na não, custa mais a digerir a algumas almas mais selectas e sensíveis, mas não se iludam, a substância é a mesma do resto do ano.

Há dois anos e meio - no dia a seguir à vitória de José Sócrates, e quando a imprensa estava invadida por textos de opinião a exigir o regresso dos quadros sérios e competentes à direcção do PSD -, escrevi uma entrada no Barnabé que dizia que "a má moeda é o PSD". Passado este tempo todo, e com pequenas alterações de personagens e situação, continua a resumir o que penso sobre a crise deste partido;

O PSD que Marques Mendes foi ontem abraçar à Madeira é o PSD que existe. Ponto. Não é a Junta de Salvação Nacional, nem, muito menos, a reserva moral de que o país tanto necessita. É o partido que parte para um congresso extraordinário com candidatos à liderança como Luís Filipe Menezes e Marques Mendes. É o partido que tem Miguel Macedo como secretário-geral e cujo líder parlamentar gasta o tempo no parlamento entre a apresentação de projectos para criar o dia do cão ou para saber quanto é que o Governo gasta nos cocktails dos congressos que organiza. É o partido que, à partida para o congresso, tem nas modalidades de pagamento de quotas o tema que divide as águas ideológicas entre as candidaturas.

Mesmo que existissem esses tais míticos quadros sérios e competentes para tomar o PSD em mãos, o que é duvidoso - pois têm o péssimo hábito de só aparecer no momento em que sabem que a vitória já está garantida - seriam sempre derrotados pelos milhares de autarcas ou de Jotas à espera de um emprego. Há muito que o partido é deles. Marques Mendes sabe-o, e é por isso que foi à Madeira abraçar Alberto João Jardim.
30
Jul07

PSD, um partido regional

Pedro Sales
Já é um clássico. Não há perfil na imprensa sobre o Bloco ou o PCP que não refira que o primeiro é um partido circunscrito às grandes áreas urbanas e que o segundo se encontra cada vez mais confinado ao Alentejo e à grande Lisboa. Repare-se que, em qualquer dos casos, vivem nessas áreas vários milhões de pessoas.

Curiosamente, depois de se saber que 10 mil dos 30 mil militantes do PSD com as quotas pagas residem na Madeira, ainda não vi ninguém dizer que o maior partido da oposição se transformou num partido regional. A Madeira tem cerca de 250 mil habitantes, representando menos de 2,5% da população do país, mas tem um terço dos cadernos eleitorais de um partido que reclama ter mais de 100 mil militantes. Mas nada disso aparece, num claro sinal de que a imprensa e as colunas de opinião continuam tomadas pela esquerda.
30
Jul07

Alguém faz testes psicotécnicos a esta gente?

Pedro Sales
29
Jul07

E o prémio "Chafurda no Lamaçal" vai para...Caras & Associados

Vasco Carvalho
Eu já não podia mais com a espera nervosa que antecedeu a atribuição dos Who’s Who Legal Awards de 2007...and for Best Portuguese Law firm in 2007 the winner is...Vieira de Almeida e Associados.

Foi uma escolha conservadora- afinal a firma está entre as 3 maiores sociedades de advogados em Portugal, as tais que o ex-Bastonário Júdice já afirmara merecerem tratamento preferencial por parte do Estado.

Há que reconhecer: o decano da firma, Vasco Vieira de Almeida tem uma larga experiência desse limbo que é o espaço entre o público e o privado. Só nos anos 70 passou por cargos directivos na banca pré-25 de Abril (em 1970 já falava ao American Club of Lisbon), pelo 1º Governo Provisório (sai com Palma Carlos e Sá Carneiro) e deteve a sensível pasta de Ministro da "Economia" no Governo de Transição em Angola.

O seu fôlego é comparável ao seu compagnon de route, Mário Soares. Compagnon, mas compagnon a sério: Vieira de Almeida esteve envolvido no MASP, foi organizador do famigerado jantar na FIL que empurra Soares a sair da reforma, acabando como mandatário dessa candidatura falhada.

E claro, ajudou muito que se tenha mantido calmo durante o escândalo fax de Macau/Emaudio, quando Rui Mateus o envolveu directamente -por escrito em Contos Proibidos, Dom Quixote- na negociata entre a sinistra empresa de Soares e o saqueador Robert Maxwell (o magnata que até a Madre Teresa roubou). Tudo isto lhe garantiu um lugar na Comissão de Honra de António Costa. Finalmente, se juntarmos a tudo isto a presidência da Mesa da Assembleia Geral da Brisa e do Deutsche Bank em Portugal, temos uma escolha óbvia para a Who´s Who.

Mas já Sérgio Figueiredo, esse cataventos perene, aponta: esqueçamos o "pai distanciado" (sic) por um momento e olhemos para "o filho empenhado e romântico". João Vieira de Almeida é coordenador do Compromisso Portugal para a Justiça e das suas propostas para uma nova justiça. Qual Quixote, Vieira de Almeida Júnior ataca o corporativismo e afirma: “com o Estado, ninguém sabe porque é que a escolha recai numa firma [de advogados] em vez de outra”.

Sim, porque os critérios são sempre claros quando a Vieira de Almeida & Associados faz negócios: representam o revolucionário grupo dos 7 no assalto ao BCP (2 dos 7 são colegas promotores do Compromisso Portugal), representaram o consórcio vencedor dos submarinos (os tais que se recusam a explicar porque depositaram 24 milhões de euros nas contas de uma empresa do grupo Espírito Santo) e deram aconselhamento jurídico na venda das dívidas da Segurança Social ao Citigroup (e que quer a UE quer o Tribunal de Contas condenaram como irregulares).

O problema é que, tal como João Vieira de Almeida afirma num powerpoint muito kitsch, o "sistema não valoriza a méritocracia". Na Vieira de Almeida e Associados pelo contrário só há lugar para os melhores. De sócios a estagiários encontramos uma pequena lista de grandes Portugueses: Gonçalves Pereira, Vaz Pinto, Pinto Correia, Horta e Costa, Bobone, Sousa Uva, Cardoso Pires.

São carradas de mérito. Nem a melhor edição da revista Caras conseguiria apresentar um plantel deste calibre. Um verdadeiro Who´s Who!

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